Qual é a origem da deficiência auditiva?

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A deficiência auditiva em bebês e crianças frequentemente decorre de fatores genéticos ou infecções recorrentes no ouvido, além do acúmulo de cera. O rastreamento neonatal é crucial para a identificação precoce. Contudo, a falta de reação a sons e atrasos na fala devem alertar pais e profissionais para uma possível investigação.

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Desvendando as Raízes do Silêncio: A Origem Multifacetada da Deficiência Auditiva em Crianças

A jornada para o desenvolvimento da linguagem e interação com o mundo sonoro começa nos primeiros meses de vida. No entanto, para algumas crianças, essa jornada enfrenta obstáculos: a deficiência auditiva. Longe de ter uma única causa, a perda de audição em bebês e crianças se revela como um quebra-cabeça complexo, com origens diversas que demandam atenção e compreensão.

Este artigo se propõe a explorar as nuances por trás da deficiência auditiva infantil, indo além das causas mais frequentemente citadas e buscando oferecer uma visão abrangente sobre o tema, com foco na importância da detecção precoce e na necessidade de um acompanhamento adequado.

O Jardim Genético e suas Possíveis Mutações:

A genética desempenha um papel crucial na arquitetura da nossa audição. Estima-se que mais de 50% dos casos de deficiência auditiva congênita (presente ao nascimento) tenham origem genética. Estas causas podem ser divididas em:

  • Deficiência auditiva sindrômica: A perda de audição ocorre em conjunto com outras características ou síndromes genéticas conhecidas, como a Síndrome de Usher, Síndrome de Waardenburg, ou Síndrome de Down.
  • Deficiência auditiva não sindrômica: A perda de audição é o único sintoma presente, resultado de mutações em genes específicos relacionados à função auditiva.

A hereditariedade pode ser autossômica recessiva (quando ambos os pais portam o gene, mesmo sem manifestar a deficiência), autossômica dominante (apenas um dos pais precisa passar o gene), ligada ao cromossomo X ou mitocondrial. A identificação da causa genética, embora complexa e nem sempre possível, pode auxiliar no aconselhamento genético familiar e em futuras decisões reprodutivas.

Infecções: Vilões Silenciosos:

As infecções representam outra peça importante no quebra-cabeça da deficiência auditiva infantil, especialmente as infecções congênitas, transmitidas da mãe para o bebê durante a gravidez. Algumas das infecções mais associadas à perda de audição incluem:

  • Rubéola: Altamente perigosa se contraída durante a gravidez, pode causar uma variedade de problemas de saúde no bebê, incluindo surdez.
  • Citomegalovírus (CMV): A infecção congênita por CMV é uma das principais causas de deficiência auditiva em crianças, podendo ser diagnosticada mesmo após o nascimento.
  • Toxoplasmose: Outra infecção que pode ser transmitida da mãe para o bebê, com potencial para causar problemas neurológicos e auditivos.
  • Herpes Simples: A infecção neonatal por herpes, embora mais comumente associada a problemas de pele e neurológicos, também pode afetar a audição.

Além das infecções congênitas, as infecções de ouvido recorrentes (otites médias), principalmente quando não tratadas adequadamente, podem levar a danos permanentes no ouvido médio e interno, resultando em perda auditiva condutiva ou neurossensorial.

Outras Peças do Quebra-Cabeça:

Embora menos frequentes, outras causas também podem contribuir para a deficiência auditiva em crianças:

  • Complicações no parto: Prematuridade, baixo peso ao nascer, falta de oxigênio durante o parto (asfixia perinatal) e icterícia grave (níveis elevados de bilirrubina) podem aumentar o risco de deficiência auditiva.
  • Uso de medicamentos ototóxicos: Alguns medicamentos, como certos antibióticos e quimioterápicos, podem ser tóxicos para o ouvido interno e causar perda de audição.
  • Trauma cranioencefálico: Lesões na cabeça, especialmente as que afetam o osso temporal (onde se localiza o ouvido), podem resultar em danos auditivos.
  • Exposição a ruídos intensos: Embora mais comum em adultos, a exposição prolongada a ruídos altos, como em eventos musicais ou ambientes barulhentos, pode danificar a audição de crianças.
  • Acúmulo de cera (cerume): Em casos raros, a impactação de cerume pode causar perda auditiva condutiva temporária, facilmente resolvida com a remoção da cera por um profissional.

Rastreamento e Atenção: A Chave para um Futuro Sonoro:

A identificação precoce da deficiência auditiva é fundamental para minimizar o impacto no desenvolvimento da linguagem, aprendizado e interação social da criança. O teste da orelhinha (Emissões Otoacústicas Evocadas – EOAE), realizado nos primeiros dias de vida, é um exame rápido e indolor que permite rastrear a audição do recém-nascido.

Além do teste da orelhinha, os pais e cuidadores devem estar atentos a sinais de alerta, como a falta de reação a sons altos, atraso no desenvolvimento da fala, dificuldade em entender o que é dito e necessidade de aumentar o volume da televisão ou outros aparelhos eletrônicos.

Conclusão:

A deficiência auditiva em crianças é um problema complexo com múltiplas causas. Compreender as diferentes origens e fatores de risco é essencial para a prevenção, detecção precoce e intervenção adequada. O rastreamento neonatal, a vigilância dos pais e cuidadores, e o acompanhamento por profissionais de saúde especializados (otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos e pediatras) são cruciais para garantir que todas as crianças tenham a oportunidade de desenvolver seu potencial máximo e desfrutar do mundo sonoro que as cerca. A informação e a conscientização são as primeiras armas na luta contra o silêncio.

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