Qual é a origem da sociolinguística?

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A sociolinguística emergiu como disciplina científica no final dos anos 1950, impulsionada pela obra de Marcel Cohen. Posteriormente, expandiu-se para a Itália com Tullio Mauro e para os Estados Unidos com os estudos pioneiros de William Labov e Michael Halliday.

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A sociolinguística, como campo de estudo sistematizado, floresceu nas décadas de 1950 e 1960, impulsionada por uma confluência de fatores e contribuições intelectuais diversas, indo além da atribuição simplista a um único precursor. Embora Marcel Cohen tenha, de fato, contribuído significativamente para os estudos da linguagem em contexto social, especialmente com sua obra “Pour une Sociologie du Langage” (1956), a gênese da sociolinguística é mais complexa e multifacetada.

É crucial reconhecer a influência da linguística estruturalista de Ferdinand de Saussure, que, apesar de focar na estrutura interna da língua, indiretamente abriu caminho para a consideração de fatores externos. A dicotomia saussuriana entre langue (sistema abstrato) e parole (uso concreto da língua) plantou a semente para a investigação da variação linguística em situações reais de comunicação.

Nos Estados Unidos, o trabalho pioneiro de William Labov, particularmente seu estudo sobre a variação fonética na ilha de Martha’s Vineyard e na cidade de Nova York, consolidou a sociolinguística como disciplina empírica, com metodologias rigorosas de coleta e análise de dados. Labov demonstrou como fatores sociais, como classe, etnia e estilo, influenciam a produção linguística, refutando a ideia de homogeneidade inerente às comunidades de fala. A ênfase na variação e mudança linguística se tornou marca registrada da sociolinguística laboviana, influenciando gerações de pesquisadores.

Paralelamente, na Inglaterra, Michael Halliday desenvolvia a Linguística Sistêmico-Funcional, uma abordagem que considera a linguagem como um sistema de escolhas inter-relacionadas, moldadas pelo contexto social e pelas funções comunicativas. Halliday destacou a importância do contexto situacional na determinação das escolhas linguísticas, contribuindo para a compreensão da relação entre linguagem e sociedade.

A contribuição de Tullio De Mauro na Itália também é relevante, principalmente por sua ênfase na análise da linguagem em contextos educacionais e sociais. Seus trabalhos ajudaram a difundir a sociolinguística na Itália e a conectar as discussões sobre linguagem com questões de desigualdade social e acesso à educação.

Portanto, a emergência da sociolinguística não pode ser atribuída a um único indivíduo ou evento, mas sim a um processo gradual de desenvolvimento, alimentado por diferentes perspectivas teóricas e metodológicas. A convergência de estudos empíricos rigorosos, como os de Labov, com abordagens teóricas inovadoras, como a de Halliday, e a crescente conscientização da importância social da linguagem, consolidaram a sociolinguística como um campo de estudo vibrante e fundamental para a compreensão da complexa interação entre linguagem e sociedade. A influência de figuras como Cohen e De Mauro, em seus respectivos contextos, também contribuiu para a construção desse campo multifacetado.