Quem tem direito à licença de nojo?
Ah, a licença de nojo... Um direito fundamental, na minha opinião. É o mínimo que se pode oferecer a alguém em momentos de dor. Acho justo que a lei contemple mais tempo para a perda de filhos e enteados, uma dor que imagino ser insuportável. Menos tempo para outros familiares? Talvez pudesse ser revisto, dependendo da relação. Mas, no geral, é um bom ponto de partida para amparar o trabalhador nesse momento tão delicado.
Licença de nojo… Será que “nojo” é mesmo a palavra? Não sei, soa-me tão… fria. Devia ser licença de luto, de tristeza profunda, de coração partido. Porque é disso que se trata, não é? De um buraco na alma.
Imaginem, perdem um filho. Um filho! Aquele ser que vocês viram crescer, que ensinaram a andar de bicicleta, que embalaram ao som de cantigas de embalar… A lei prevê mais tempo para esta perda, e ainda bem. Como é que alguém consegue voltar ao trabalho, concentrar-se em relatórios e reuniões, depois de uma tragédia dessas? É impensável. A dor deve ser dilacerante. Anos não chegariam, quanto mais dias.
E os enteados? Também faz sentido. Se criámos uma ligação forte, se amámos como um filho, a dor é semelhante. Lembro-me da minha vizinha, a D. Maria. Criou o enteado desde pequenino, era o menino dos seus olhos. Quando ele faleceu num acidente, ela ficou… destruída. Como se fosse o seu próprio filho. Precisou de tempo, muito tempo, para se reerguer.
Mas e os outros familiares? Avós, tios, primos… A lei dá menos tempo. Será que é suficiente? Depende, não é? Da relação, da proximidade… Sei lá. A minha avó, por exemplo, era como uma segunda mãe para mim. Se a perdesse… ui, nem quero pensar. Precisaria de tempo, muito tempo. Mais do que uns dias, de certeza.
Li algures, não me lembro bem onde, que em alguns países existe a “licença de compaixão”. Acho que é um nome bonito, mais humano. E talvez fosse mais justo avaliar cada caso individualmente, perceber a intensidade da ligação, o impacto da perda. Não sei, talvez seja uma utopia.
De qualquer forma, acho que esta licença, seja de “nojo” ou de luto, é um passo importante. É reconhecer que as pessoas sentem, que sofrem, e que precisam de tempo para sarar, mesmo que as feridas nunca desapareçam completamente. E isso, no mundo de hoje, já é alguma coisa.
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