Como distinguir orações subordinadas substantivas completivas e relativas?

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Em orações relativas substantivas sem antecedente, que e quem assumem função sintática na oração subordinada. Já nas substantivas completivas, que atua como conjunção, sem função sintática dentro da oração subordinada.

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A Diferença Sutil (Mas Crucial) entre Orações Subordinadas Substantivas Completivas e Relativas Sem Antecedente

A distinção entre orações subordinadas substantivas completivas e orações subordinadas relativas sem antecedente pode parecer nebulosa à primeira vista, principalmente devido à presença da conjunção integrante “que” em ambas. No entanto, uma análise atenta da função sintática do pronome relativo ou da conjunção integrante revela a chave para a correta classificação. A confusão reside, sobretudo, nas relativas sem antecedente, que mimetizam a estrutura das completivas, mas com funções sintáticas bem distintas.

Orações Subordinadas Substantivas Completivas:

Essas orações funcionam como complementos de um termo da oração principal, geralmente um verbo, um nome (substantivo, adjetivo, advérbio) ou até mesmo uma locução verbal. A conjunção integrante “que” (ou outras como “se”) introduz a oração subordinada, sem exercer função sintática dentro dela. Sua função é unicamente conectar as orações.

Exemplos:

  • “Espero que você melhore logo.” Aqui, “que você melhore logo” complementa o verbo “espero”, funcionando como objeto direto. O “que” apenas liga as orações; não tem função sintática na subordinada.

  • “Tenho certeza de que ele virá.” A oração “que ele virá” complementa a expressão nominal “tenho certeza”, sendo seu complemento nominal. Novamente, o “que” é apenas conjunção integrante.

  • “Ele perguntou se eu estava bem.” Neste caso, “se eu estava bem” completa o verbo “perguntou”, funcionando como objeto indireto. O “se” é uma conjunção integrante que não desempenha função sintática na oração subordinada.

Orações Subordinadas Relativas Sem Antecedente:

Diferenciam-se das completivas porque o pronome relativo (“que”, “quem”, “o qual”, etc.) desempenha uma função sintática dentro da oração subordinada. A ausência de um antecedente explícito, ou seja, de um termo ao qual o pronome se refere diretamente na oração principal, é o que caracteriza essa construção. Note que, mesmo sem antecedente explícito, o pronome relativo ainda se refere a algo implícito ou subentendido.

Exemplos:

  • “Quem ama o próximo a si mesmo se ama.” Aqui, “quem ama o próximo” é sujeito da oração principal (“se ama”). “Quem” é sujeito da oração subordinada e, portanto, exerce função sintática.

  • “Que não se lembrem, que eu não me lembre disso.” Aqui, “que não se lembrem” e “que eu não me lembre disso” são orações subordinadas substantivas relativas sem antecedente, atuando como objetos indiretos da oração principal (“que eu não me lembre disso”). “Que” é sujeito da oração subordinada.

  • “Disse coisas que jamais esquecerei.” Apesar da aparente semelhança com uma completiva, a oração “que jamais esquecerei” é relativa. O que se omite é o antecedente das “coisas”, que é o objeto direto da oração principal.

A Chave para a Distinção:

A principal diferença, e a chave para a classificação correta, reside na função sintática do “que” ou de outro pronome relativo. Se ele atua como sujeito, objeto, complemento nominal, adjunto adverbial, etc., dentro da oração subordinada, trata-se de uma oração relativa sem antecedente. Se não exercer função sintática alguma, sendo apenas conjunção integrante, temos uma oração subordinada substantiva completiva. A análise da função sintática é fundamental para diferenciar esses dois tipos de orações, que, embora parecidas superficialmente, possuem estruturas e funções distintas no contexto da frase.