Como é conhecida a linguagem de sinais?
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) surgiu a partir dos estudos de Huet sobre a comunicação visual dos surdos brasileiros. Seu trabalho pioneiro na educação de surdos, utilizando a linguagem de sinais já existente, foi fundamental para o desenvolvimento e oficialização da Libras como língua.
Muito Além das Mãos: Desvendando a Complexidade da Língua Brasileira de Sinais (Libras)
A comunicação, ato inerente à humanidade, assume diversas formas. Enquanto a fala predomina na maioria das culturas, um universo rico e complexo de expressões se manifesta através das mãos, dos olhos, do corpo: a linguagem de sinais. No Brasil, essa linguagem é conhecida como Língua Brasileira de Sinais (Libras), e sua história e estrutura desafiam a percepção simplista de que se trata apenas de uma forma “substituta” da língua portuguesa.
A afirmação de que a Libras “surgiu” a partir dos estudos de Ernest Huet é, embora parcialmente verdadeira, uma simplificação que merece nuances. Huet, reconhecido como um importante personagem na história da educação de surdos no Brasil, não criou a Libras. Seu trabalho crucial residiu em dar visibilidade e estrutura a uma linguagem de sinais já existente e utilizada pela comunidade surda brasileira. Antes mesmo de seus estudos, uma rica e dinâmica forma de comunicação gestual se desenvolvia e evoluía naturalmente, adaptada às necessidades comunicativas da comunidade. Huet, portanto, desempenhou o papel fundamental de sistematizar, organizar e documentar essa linguagem viva, abrindo caminho para sua validação e reconhecimento como língua oficial.
Seu método pedagógico, focado na utilização da linguagem de sinais já presente na comunidade surda, diferia radicalmente das abordagens oralistas predominantes na época, que visavam à integração dos surdos à sociedade ouvintes através do treinamento de fala. Ao reconhecer a importância da língua de sinais na construção da identidade surda e no desenvolvimento cognitivo dos alunos, Huet contribuiu decisivamente para a mudança de paradigma na educação de surdos no Brasil.
A Libras, portanto, é resultado de um processo histórico complexo, construída e aprimorada ao longo de décadas pela própria comunidade surda. Não é uma invenção, mas uma língua orgânica e em constante evolução, com sua própria gramática, sintaxe, semântica e lexicão, tão ricas e elaboradas quanto qualquer língua oral. A compreensão de sua história e de sua natureza linguística é crucial para o respeito à cultura surda e para a garantia de seus direitos linguísticos, que passam pela acessibilidade, formação de intérpretes e inclusão em todos os setores da sociedade. Desmistificar a Libras como mero “código” de gestos e reconhecê-la como uma língua de pleno direito é fundamental para a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva.
#Língua De Sinais#Linguagem Gestual#SinaisFeedback sobre a resposta:
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