Como é o verbo haver?

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O verbo haver, quando indica existência, acontecimento ou ocorrência, assume um papel impessoal na língua portuguesa. Isso significa que ele não possui um sujeito e é invariavelmente conjugado na terceira pessoa do singular, independentemente do tempo verbal. Ele expressa uma ideia de manifestação ou presença de algo, sem se referir a um agente específico.

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O Verbo Haver: Uma Análise da Impessoalidade e Seus Usos

O verbo “haver”, além de seu uso comum como sinônimo de “possuir” (ex: “Eu tenho um carro” / “Eu hei de um carro”), apresenta uma peculiaridade sintática que o diferencia de outros verbos: sua impessoalidade. Quando empregado para indicar existência, tempo decorrido ou ocorrência de fatos, “haver” permanece invariavelmente na terceira pessoa do singular, independentemente do contexto. Essa característica o torna um caso bastante particular e frequentemente gera dúvidas em quem o utiliza.

Vamos analisar seus usos mais comuns na forma impessoal:

1. Haver indicando existência: Neste caso, “haver” equivale a “existir”, “estar presente” ou “achar-se”. Note que a existência referida não possui um agente específico. Exemplos:

  • muitas pessoas na fila. (equivale a: Existem muitas pessoas na fila)
  • Havia poucos recursos disponíveis. (equivale a: Existiam poucos recursos disponíveis)
  • Haverá problemas se não tomarmos cuidado. (equivale a: Existirão problemas se não tomarmos cuidado)

A impessoalidade é evidente: não existe um sujeito que realiza a ação de “haver”. A frase se concentra na existência de “muitas pessoas”, “poucos recursos” ou “problemas”, sem atribuir essa existência a um agente específico.

2. Haver indicando tempo decorrido: Neste uso, “haver” indica o tempo transcorrido desde um evento passado. Ele é frequentemente usado com a preposição “a” ou “há”. Exemplos:

  • cinco anos, eu morei em São Paulo. (equivale a: Passaram-se cinco anos desde que eu morei em São Paulo)
  • Faz cinco anos que eu morei em São Paulo. (Observe a conjugação do verbo “fazer” que também é impessoal neste caso).
  • Havia dois meses que esperávamos a resposta.

Aqui, novamente, a ação não é atribuída a um sujeito. O foco está na passagem do tempo, na duração do período decorrido.

3. Haver indicando ocorrência de fatos: Neste contexto, “haver” indica que algo aconteceu, ocorreu ou se passou. Exemplos:

  • Houve muitos acidentes naquela rodovia. (equivale a: Ocorreram muitos acidentes naquela rodovia)
  • Houvera discussões acaloradas na reunião. (equivale a: Ocorreram discussões acaloradas na reunião)
  • Haverá uma festa de aniversário no sábado. (equivale a: Ocorrerá uma festa de aniversário no sábado)

Mais uma vez, o foco está na ocorrência dos fatos, sem a identificação de um agente causador.

Diferença entre “haver” e “ter” (como sinônimo de “possuir”): É fundamental distinguir o uso impessoal de “haver” do seu uso como sinônimo de “ter”. Neste último caso, o verbo “ter” concorda com o sujeito. Exemplo:

  • Eu tenho muitos amigos. (Aqui, “ter” concorda com o sujeito “eu”)
  • Eles têm muitos amigos. (Aqui, “ter” concorda com o sujeito “eles”)

Em resumo, o verbo “haver”, em sua forma impessoal, apresenta uma particularidade sintática importante na língua portuguesa. Compreender essa impessoalidade e seus diferentes usos – existência, tempo decorrido e ocorrência de fatos – é crucial para a escrita e a fala corretas. Dominar essa distinção contribui para a clareza e precisão da comunicação.