Como são classificados os objetivos de ensino?

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Os objetivos educacionais são classificados em cognitivos, relacionados ao conhecimento e habilidades, e afetivos, focados em atitudes e valores.

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Classificando os Objetivos de Ensino: Além da Dictomia Cognitivo-Afetivo

A definição de objetivos de ensino é crucial para o sucesso de qualquer processo pedagógico. Frequentemente, encontramos uma simplificação excessiva na classificação desses objetivos, reduzindo-a à dicotomia cognitivo-afetivo. Embora essa distinção seja um ponto de partida útil, ela se mostra insuficiente para abarcar a complexidade do desenvolvimento humano e a riqueza de aprendizagens esperadas. Este artigo propõe uma abordagem mais completa, explorando nuances e diferentes modelos de classificação dos objetivos de ensino, buscando ultrapassar a limitação da mera separação entre o “pensar” e o “sentir”.

A classificação tradicional, que divide os objetivos em cognitivos e afetivos, apresenta, de fato, uma valiosa contribuição. Os objetivos cognitivos se concentram no desenvolvimento intelectual do aluno, abrangendo a aquisição de conhecimento, a compreensão de conceitos, a aplicação de habilidades, a análise crítica e a síntese de informações. Já os objetivos afetivos, focam o desenvolvimento da dimensão emocional, incluindo a formação de atitudes, valores, apreciações e interesses. Taxonomias como a de Bloom, para o domínio cognitivo, e a de Krathwohl, para o domínio afetivo, oferecem estruturas hierárquicas para a especificação desses objetivos, permitindo uma progressiva complexificação das expectativas de aprendizagem.

No entanto, a dicotomia cognitivo-afetivo é, por si só, redutora. A aprendizagem significativa ocorre, na grande maioria das vezes, por meio da interação entre cognição e afeto. Um aluno que compreende um conceito (cognitivo) mas não se interessa por ele (afetivo) dificilmente o aplicará ou retê-lo-á a longo prazo. A motivação, a autoconfiança, a colaboração, a criatividade – todos aspectos inerentes ao domínio afetivo – impactam diretamente a capacidade cognitiva.

Para uma classificação mais abrangente, é fundamental considerar também o domínio psicomotor, que engloba as habilidades motoras e as destrezas físicas. Este domínio, muitas vezes negligenciado, é essencial em diversas áreas do conhecimento, desde as artes até as ciências, e abrange desde a coordenação motora fina até a execução de movimentos complexos. Aprender a tocar um instrumento musical, por exemplo, requer a integração dos três domínios: a compreensão da teoria musical (cognitivo), a apreciação da música (afetivo) e a destreza manual (psicomotor).

Além disso, a especificação de objetivos deve considerar o contexto da aprendizagem. Objetivos que funcionam bem em um ambiente formal de sala de aula podem ser ineficazes em um ambiente informal ou baseado em projetos. A escolha de uma taxonomia e a forma de classificar os objetivos devem estar alinhadas com as metodologias de ensino empregadas e com os objetivos gerais da instituição.

Em suma, a classificação dos objetivos de ensino é um processo complexo que exige mais do que a simples separação entre cognitivo e afetivo. Uma abordagem mais holística, que considere os domínios cognitivo, afetivo e psicomotor, além do contexto da aprendizagem, permite uma definição mais precisa e eficaz dos objetivos, favorecendo a construção de experiências de aprendizagem significativas e duradouras para os alunos. A busca pela clareza e especificidade na formulação dos objetivos é fundamental para garantir que o processo de ensino-aprendizagem esteja realmente alinhado com as metas propostas.