É correto dizer linguagem de sinais?

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A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida como língua, não como linguagem, dentro dos estudos linguísticos. Sua estrutura gramatical e complexidade a equiparam às línguas orais, a diferenciando de meros sistemas de sinais.

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É correto dizer “linguagem de sinais”?

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma questão que, apesar de aparentemente simples, esconde nuances importantes e que merecem ser debatidas. A resposta, sob o ponto de vista linguístico, é clara e categórica: não é correto dizer “linguagem de sinais”. É preciso, para uma compreensão adequada, entender a diferença crucial entre língua e linguagem.

A Libras, diferente de outros sistemas de comunicação gestual, possui uma estrutura gramatical intrincada e complexa, que permite a formação de frases, a expressão de nuances semânticas e a construção de conceitos abstratos. Esse aparato gramatical a equipara às línguas orais, com suas regras e normas próprias. É, portanto, uma língua, com todas as características que a definição de língua exige.

O termo “linguagem”, por outro lado, é mais amplo e abrange um conjunto de sistemas de comunicação, incluindo, mas não se limitando a, códigos gestuais. Estes sistemas, muitas vezes, não possuem a mesma estrutura gramatical elaborada que uma língua. Eles podem ser formas de comunicação específicas, adaptadas a contextos particulares, mas não alcançam a complexidade e a abrangência de uma língua como a Libras.

A confusão entre “língua” e “linguagem” em relação à Libras é recorrente, e surge, provavelmente, da simplificação da questão. Embora os gestos sejam parte essencial da comunicação, a Libras, mais do que um conjunto de gestos, é uma estrutura linguística com suas próprias regras de formação de palavras, frases, e até mesmo a construção de estruturas complexas como o discurso narrativo.

A importância de utilizar o termo correto, “Língua Brasileira de Sinais”, vai além da mera questão terminológica. Reflete o reconhecimento da riqueza e da complexidade da Libras como língua, com todos os seus direitos e garantias como tal. Essa precisão linguística é fundamental para a valorização e a inclusão da comunidade surda, que se expressa e se comunica através dessa língua única e extraordinária. A escolha de palavras certas e precisas contribui para a construção de um ambiente mais inclusivo e respeitoso.