O que é considerado língua materna?

8 visualizações

Língua materna, ou Primeira Língua (L1), é a língua adquirida em casa, geralmente pelos pais. Pode ser a língua da comunidade, mas nem sempre é a língua da mãe ou a primeira aprendida.

Feedback 0 curtidas

Desvendando o conceito de Língua Materna: Mais que a língua dos pais

A definição de língua materna, ou primeira língua (L1), parece simples à primeira vista: a língua aprendida na infância, geralmente em casa, dos pais. No entanto, essa aparente simplicidade esconde nuances importantes que merecem ser exploradas para uma compreensão mais completa do conceito. Afirmar que a língua materna é simplesmente “a língua dos pais” é uma generalização que não abarca a complexidade das realidades linguísticas contemporâneas.

A aquisição da língua materna é um processo natural e inconsciente, ocorrendo principalmente nos primeiros anos de vida, por meio da imersão na comunidade linguística. Essa imersão envolve a exposição a diversas formas de comunicação: conversas, músicas, histórias, etc. A interação com os cuidadores, especialmente nos primeiros meses e anos de vida, é fundamental para o desenvolvimento linguístico. É nesse período que a criança internaliza os padrões fonéticos, gramaticais e lexicais da língua, tornando-se capaz de se comunicar de forma fluente e espontânea.

Entretanto, a realidade se mostra mais complexa do que a simples relação “pais-língua”. Existem diversas situações que desafiam essa definição concisa:

  • Famílias multilíngues: Em famílias onde os pais falam línguas diferentes, a criança pode desenvolver duas ou mais línguas maternas, simultaneamente ou em sequência. Neste caso, a definição de “língua dos pais” se torna insuficiente, pois pode haver mais de uma língua que a criança adquire como materna, com igual ou similar proficiência.

  • Língua da comunidade x língua familiar: A língua materna nem sempre coincide com a língua falada na comunidade em que a criança vive. Uma criança criada por pais imigrantes, por exemplo, pode ter como língua materna a língua de seus pais, diferente da língua oficial do país onde reside.

  • Língua da mãe x língua do pai: Em famílias onde a mãe e o pai falam línguas diferentes, a criança pode desenvolver preferência por uma das línguas, mesmo que tenha sido exposta às duas desde o nascimento. A designação da “língua materna” nesse caso, portanto, não se prende exclusivamente a um genitor.

  • Adoção e guarda: Crianças adotadas ou sob guarda podem ter sua língua materna diferente da língua falada em sua nova família, apresentando a necessidade de se adaptar e aprender uma nova língua, sem necessariamente esquecer a sua L1.

Em resumo, a língua materna é mais bem definida como a língua que a criança adquire de forma natural e espontânea em seus primeiros anos de vida, por meio da interação com seus cuidadores e a comunidade linguística em que está inserida. Esta definição engloba a diversidade de contextos familiares e socioculturais, reconhecendo que a língua materna pode ser uma, duas ou mais línguas, e que nem sempre corresponde à língua dos pais ou à língua dominante em seu entorno imediato. A compreensão desta complexidade é crucial para políticas linguísticas inclusivas e eficazes.