O que significa padrão da língua?
O padrão da língua, no Brasil, é um conjunto de códigos interligados: a fala culta informal de diversas regiões, a escrita culta informal e as variedades literárias. Embora essas variedades se baseiem no padrão, as literárias, especificamente, nem sempre o seguem integralmente, apresentando variações.
O Padrão da Língua Portuguesa no Brasil: Uma Construção Dinâmica e Plurilinguística
A busca por um “padrão” na língua portuguesa brasileira revela uma complexidade que vai além de uma simples norma gramatical. Não se trata de um conjunto de regras fixas e imutáveis, mas sim de um sistema dinâmico e, por vezes, contraditório, que reflete a rica diversidade linguística do país. Definir o que constitui o padrão, portanto, exige uma análise cuidadosa das diferentes esferas de uso da língua e das interações entre elas.
Ao contrário da ideia de um único modelo ideal e homogêneo, o padrão da língua portuguesa no Brasil é melhor compreendido como uma espécie de “constelação” de elementos interligados. Essa constelação inclui, principalmente:
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A fala culta informal: Representa a variedade linguística utilizada em contextos informais, mas por falantes que dominam a norma culta. É importante ressaltar a “informalidade” desta variedade: ela não implica incorreções gramaticais, mas sim o uso de recursos expressivos e estruturas sintáticas que seriam considerados menos formais na escrita ou em situações mais formais de fala. A variação regional é marcante nesta esfera, com diferentes pronúncias, vocabulários e expressões características de cada região do país.
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A escrita culta informal: Esta variedade se aproxima da fala culta informal em termos de vocabulário e estruturas sintáticas, mas apresenta uma maior formalidade em relação à ortografia, pontuação e organização textual. É a variedade predominante em boa parte da comunicação escrita cotidiana, como e-mails, mensagens de texto (embora com suas próprias variações), e até mesmo alguns textos jornalísticos, dependendo da publicação e público alvo.
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As variedades literárias: Esta é a esfera onde a liberdade criativa se manifesta de forma mais contundente. Autores literários, ao longo da história, moldaram a língua portuguesa, criando neologismos, usando variações estilísticas e até mesmo transgredindo as normas gramaticais estabelecidas com o intuito de obter um efeito estético ou expressivo específico. Embora muitas vezes baseadas no padrão, as variedades literárias frequentemente o transcendem, explorando a riqueza e a flexibilidade da língua para alcançar seus objetivos artísticos. Obras de Machado de Assis, Guimarães Rosa e Clarice Lispector, por exemplo, demonstram a variedade e a originalidade alcançáveis através da liberdade literária.
Assim, o padrão da língua não é um conjunto estático, mas um ponto de referência dinâmico que se adapta às mudanças sociais e culturais. Ele é resultado de um contínuo processo de negociação entre diferentes variedades linguísticas, sendo influenciado pela fala cotidiana, pela escrita formal e pela produção literária. Compreender essa natureza complexa e fluida é fundamental para apreciar a riqueza e a diversidade da língua portuguesa no Brasil e evitar a visão equivocada de um padrão único e absoluto. O que se busca é a adequação da linguagem ao contexto, respeitando a variedade e a norma culta como referência, sem a imposição de um modelo único e inflexível.
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