Quais as palavras que tiraram o acento?

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As palavras que perderam o acento agudo em função do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (em vigor no Brasil desde 2009) são: pára (verbo parar), pôr (verbo colocar), pêlo (substantivo fio de cabelo), pélo (substantivo pelo animal), pêra (fruta), pêras (plural de pêra). Outras palavras com acento diferencial também foram alteradas. A eliminação do acento se deu em casos específicos de homógrafos.
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A Dança das Letras: Um Olhar Sobre as Palavras Desacentuadas pelo Acordo Ortográfico

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009, trouxe consigo uma série de mudanças na escrita, visando uniformizar a ortografia entre os países lusófonos. Entre as alterações mais significativas, destacam-se as palavras que perderam o acento agudo, causando, inicialmente, estranheza e resistência por parte de muitos falantes. Essa dança das letras gerou debates acalorados, dividindo opiniões entre os que defendiam a simplificação e os que lamentavam a perda de nuances da língua.

De fato, a supressão do acento agudo em certos vocábulos trouxe consigo a necessidade de um olhar mais atento ao contexto para a correta interpretação do texto. Palavras que antes se diferenciavam apenas pela presença ou ausência do acento, os homógrafos, agora exigem uma leitura mais aprofundada para a compreensão do seu significado. É o caso, por exemplo, de para (preposição) e pára (verbo parar), que agora se escrevem da mesma forma. A distinção entre a ação de interromper um movimento e a indicação de direção ou finalidade dependerá exclusivamente da interpretação do contexto em que a palavra está inserida.

O mesmo ocorre com pelo (contração de per + o) e os antigos pêlo (fio capilar) e pélo (cobertura animal). A ausência do acento agudo exige que o leitor busque pistas no texto para discernir se a palavra se refere à preposição, ao fio que reveste o corpo humano ou à pelagem dos animais. Imagine a seguinte frase: O gato passou pelo tapete com seu pelo macio. Sem o acento diferencial, precisamos recorrer ao contexto para entender que o primeiro pelo indica lugar e o segundo se refere à pelagem do animal.

A situação se repete com pera (fruta) e pêra (preposição arcaica, equivalente a para). Embora a preposição pêra seja pouco utilizada no português contemporâneo, sua homografia com a fruta, agora grafada sem acento, ilustra a necessidade de atenção à semântica da frase.

Para além desses exemplos emblemáticos, o Acordo Ortográfico também eliminou o acento diferencial em outras palavras, como forma (substantivo e verbo) e fôrma (recipiente), que agora se escrevem da mesma maneira. A distinção, mais uma vez, recai sobre o contexto.

Essa simplificação ortográfica, apesar das controvérsias, visa facilitar a comunicação escrita, principalmente em um contexto de crescente interação entre os países lusófonos. A padronização da ortografia contribui para a redução de barreiras linguísticas e promove uma maior integração cultural. No entanto, é fundamental reconhecer que essa mudança exige um maior esforço de interpretação por parte do leitor, que precisa estar atento às nuances do contexto para decifrar o significado preciso das palavras.

Em suma, a eliminação do acento agudo em determinadas palavras, embora tenha gerado debates e resistências, faz parte de um movimento maior de unificação da língua portuguesa. A adaptação a essas novas regras ortográficas requer atenção e, principalmente, a compreensão de que a língua é um organismo vivo, em constante transformação. A dança das letras continua, e cabe a nós, falantes e escritores, acompanhar seus passos e nos adaptarmos às suas novas coreografias.