Quais são as palavras simples e palavras complexas?

4 visualizações

Palavras complexas surgem da união de elementos distintos. Elas podem ser formadas pela junção de duas ou mais palavras simples, como em guarda-chuva, onde guarda e chuva se combinam. Alternativamente, uma palavra simples pode receber um prefixo ou sufixo, resultando em uma palavra complexa, a exemplo de infeliz (in + feliz) ou garrafão (garrafa + ão).

Feedback 0 curtidas

A Diferença entre Palavras Simples e Complexas: Uma Abordagem Semântica e Morfológica

A distinção entre palavras simples e complexas na língua portuguesa não é tão trivial quanto parece. Enquanto a intuição nos guia em muitos casos, uma análise mais profunda exige a consideração de aspectos semânticos (relacionados ao significado) e morfológicos (relacionados à estrutura da palavra). Não se trata apenas de tamanho ou número de sílabas, mas sim da sua estrutura interna e origem etimológica.

Palavras Simples: A Base da Construção Lexical

Palavras simples são aquelas que, do ponto de vista da sua formação, não podem ser decompostas em unidades menores com significado autônomo na língua portuguesa contemporânea. São consideradas unidades lexicais indivisíveis, representando um conceito básico e, geralmente, de alta frequência de uso. Exemplos: casa, sol, rio, gato, correr, ser.

A simplicidade, neste contexto, não implica necessariamente brevidade. Palavras como “desempregados” ou “contrassenso” (embora sejam semanticamente complexas, sua unidade de significado é indivisível na língua) podem ser consideradas simples sob a ótica morfológica, pois, embora pareçam construídas, não possuem elementos constitutivos com significado próprio independente, não se enquadrando em padrões de derivação ou composição usualmente descritos. São, portanto, palavras simples que portam um significado complexo.

Palavras Complexas: A Riqueza da Derivação e Composição

Palavras complexas, ao contrário das simples, resultam de processos de formação de palavras, principalmente a derivação e a composição.

  • Derivação: Consiste em adicionar afixos (prefixos ou sufixos) a uma palavra simples, alterando seu significado sem mudar radicalmente sua base semântica. Exemplo: felizmente (feliz + mente), desfazer (des + fazer), infelizmente (in + feliz + mente). A derivação pode ser prefixal (acrescentando prefixo, como em infelizmente), sufixal (acrescentando sufixo, como em felizmente) ou prefixal e sufixal simultaneamente.

  • Composição: Envolve a junção de duas ou mais palavras simples, criando uma nova palavra com significado geralmente relacionado, mas não necessariamente a soma simples dos significados das palavras originais. Exemplos: passatempo (passa + tempo), girassol (gira + sol), guarda-chuva (guarda + chuva). Aqui, é importante notar que a composição pode ser justaposta (sem alteração fonética, como em “passatempo”), ou aglutinada (com alterações fonéticas, como em “aguardente”).

A Complexidade da Simplicidade (e vice-versa): Uma Zona Cinzenta

A classificação nem sempre é clara. Algumas palavras podem apresentar uma complexidade morfológica, mas uma simplicidade semântica. “Amarelo-escuro” é uma composição, mas o significado é facilmente deduzido pelas palavras que o compõe. Já “contrassenso” é morfologicamente simples, mas carrega em si uma complexidade semântica. A distinção entre simples e complexo requer, portanto, uma análise contextualizada, levando em consideração tanto a estrutura interna da palavra quanto o seu significado no contexto em que é empregada. Esta abordagem permite um estudo mais rico e nuançado da língua portuguesa, evitando simplificações que poderiam obscurecer a sua intrincada beleza.