Qual é a classe gramatical da palavra que?

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A palavra que atua como conjunção, ligando orações coordenadas ou subordinadas. Sua classificação, portanto, varia: conjunção coordenativa ou subordinativa, dependendo da oração que introduz e do tipo de relação estabelecida entre as orações. Essa versatilidade demonstra a riqueza gramatical do termo.

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A Multifacetada Natureza da Palavra “Que”: Além da Conjunção

A palavra “que” é um camaleão gramatical. Frequentemente classificada como conjunção, sua função vai muito além dessa simples categorização, revelando uma complexidade que a torna um elemento fundamental na construção de frases e períodos em português. Afirmar que “que” apenas é uma conjunção, coordenativa ou subordinativa, é uma simplificação que obscurece sua riqueza morfossintática. Este artigo explora a variedade de funções da palavra “que”, ultrapassando a classificação tradicional e focando em sua natureza multifacetada.

A percepção da “que” como conjunção é, de fato, comum e muitas vezes correta. Como conjunção coordenativa, ela pode estabelecer relações de adição (e), exemplificação (por exemplo), ou alternância (ou). Observe:

  • Adição: Estudei muito e que passei na prova! (Aqui, “que” equivale a “e”, indicando adição de ideias.)
  • Exemplificação: Tenho muitos problemas, que a falta de tempo, que a desorganização. (Neste caso, “que” introduz exemplos de problemas.)
  • Alternância: Faça o dever de casa, que eu te dou um doce. (Aqui “que” apresenta uma alternativa.)

Entretanto, sua função como conjunção subordinativa é ainda mais abrangente. Neste caso, “que” introduz orações subordinadas, dependentes sintaticamente da oração principal. Dependendo do tipo de oração subordinada, sua função semântica varia. Pode introduzir:

  • Orações subordinadas substantivas: atuando como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, aposto ou predicativo.
  • Orações subordinadas adjetivas: atuando como modificador de um substantivo, adjetivo ou pronome. Aqui se divide em adjetivas restritivas (que delimitam o sentido do substantivo) e explicativas (acrescentando informações sobre o substantivo).
  • Orações subordinadas adverbiais: introduzindo circunstâncias de tempo, lugar, modo, causa, consequência, concessão, condição, finalidade, comparação, etc.

A complexidade da palavra “que” não se limita a sua classificação como conjunção. Em muitos contextos, “que” atua como pronome relativo, substituindo um termo antecedente e introduzindo uma oração adjetiva. A diferença para a conjunção subordinativa reside na presença desse antecedente. Compare:

  • Conjunção: Espero que você passe na prova. (Não há antecedente para “que”)
  • Pronome relativo: A casa que comprei é muito bonita. (“que” substitui “casa”)

Além disso, “que” pode funcionar como pronome indefinido (“Que horas são?”), interjeição (“Que maravilha!”) e até mesmo como partícula expletiva, sem função sintática específica, mas com papel estilístico (“Choveu que choveu!”).

Em suma, classificar a palavra “que” simplesmente como conjunção é insuficiente para abranger sua riqueza e versatilidade na língua portuguesa. Sua função varia dependendo do contexto, exigindo uma análise mais profunda para sua correta identificação e interpretação. A amplitude de seu uso demonstra a flexibilidade e expressividade da língua, tornando-a um desafio e, ao mesmo tempo, uma fascinante área de estudo para os amantes da gramática.