Qual o novo acordo ortográfico mais recente?
A Unificação Ortográfica: Uma Jornada Incompleta? O Acordo Ortográfico de 1990 e seus Desdobramentos
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990 e efetivamente implementado em 2009, representou um marco na história da língua. A ambiciosa proposta de unificar a ortografia de nove países – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e, posteriormente, a Guiné Equatorial – visava simplificar as trocas escritas, fortalecer a identidade lusófona e projetar a língua portuguesa no cenário internacional. Passadas mais de duas décadas desde sua assinatura, é crucial analisarmos não apenas as mudanças implementadas, mas também os seus impactos e os desafios que ainda persistem.
O Acordo focou em três principais áreas: a eliminação de consoantes mudas, a uniformização da acentuação gráfica e a adoção de regras comuns para o uso do hífen. A supressão do c e do p em palavras como acção (ação) e óptimo (ótimo) exemplifica a primeira mudança. A segunda, referente à acentuação, alterou a grafia de vocábulos paroxítonos terminados em ditongo, como idéia (ideia) e proparoxítonos aparentes, como vôo (voo). Por fim, o uso do hífen também sofreu ajustes, buscando uma maior coerência na sua aplicação.
No entanto, a unificação ortográfica, apesar de suas intenções louváveis, não se concretizou plenamente. A implementação gradual e, por vezes, hesitante, gerou um período de transição prolongado, no qual as duas ortografias – a antiga e a nova – coexistiram, criando certa confusão entre os falantes. Além disso, a adesão ao Acordo não foi uniforme entre os países lusófonos. Enquanto alguns o adotaram integralmente e com relativa rapidez, outros ainda mantêm resistências ou implementaram as mudanças de forma parcial. A Guiné-Bissau, por exemplo, ainda não ratificou o Acordo, enquanto Angola, apesar de o ter ratificado, ainda apresenta variações na sua aplicação.
Um dos argumentos contrários à unificação ortográfica reside na percepção de perda de identidade cultural e linguística. Para alguns, as particularidades ortográficas de cada país refletem a sua história e a sua forma específica de se relacionar com a língua. A padronização, nessa perspectiva, seria uma forma de homogeneização que apaga a riqueza e a diversidade da língua portuguesa. Outro ponto de crítica reside na complexidade de algumas das novas regras, que, em vez de simplificar, acabaram por gerar novas dúvidas e inconsistências.
Por outro lado, os defensores do Acordo argumentam que a unificação ortográfica facilita a comunicação escrita entre os falantes dos diferentes países lusófonos, tornando mais acessíveis os textos produzidos em diferentes regiões. Além disso, a padronização da ortografia é vista como um fator importante para a promoção e a difusão da língua portuguesa no mundo, contribuindo para a sua projeção internacional e para o seu reconhecimento como uma língua de grande importância global.
Em suma, o Acordo Ortográfico de 1990, embora tenha representado um esforço significativo para unificar a ortografia da língua portuguesa, ainda enfrenta desafios e resistências. A sua implementação incompleta e as divergências entre os países lusófonos demonstram que o processo de unificação é complexo e exige um diálogo constante entre as diferentes comunidades linguísticas. O futuro do Acordo e da própria ortografia da língua portuguesa dependerá da capacidade de se encontrar um equilíbrio entre a necessidade de padronização e a preservação da diversidade linguística e cultural que caracteriza o universo lusófono. A busca por uma ortografia unificada permanece, portanto, uma jornada incompleta, em constante evolução.
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