Quantos tipos de concordância existem?
A concordância, na língua portuguesa, divide-se em verbal e nominal. A verbal trata da relação entre verbo e sujeito, assegurando a harmonia de flexão. A nominal, por sua vez, abrange a harmonia entre substantivo e as palavras a ele relacionadas: adjetivos, numerais, pronomes e artigos, garantindo a coerência gramatical da frase.
Além da Dupla Clássica: Explorando as Nuances da Concordância
A gramática tradicional nos apresenta a concordância como um dueto: verbal e nominal. A primeira, a clássica harmonia entre verbo e sujeito, e a segunda, o concerto entre substantivo e seus satélites – adjetivos, artigos, pronomes e numerais. Mas será que essa divisão binária abarca todas as nuances da concordância em português? Um olhar mais atento revela um cenário mais complexo e rico.
Para além da dupla verbal-nominal, podemos identificar outros tipos de concordância que, embora muitas vezes implícitas naquelas duas categorias principais, merecem destaque pela sua especificidade e importância para a fluidez e precisão da comunicação.
1. Concordância Ideológica (Silepse): Aqui, a concordância não se dá com a forma gramatical das palavras, mas com a ideia que elas representam. A silepse pode ser:
- de gênero: “Vossa Excelência está preocupado.” (Concorda com a ideia de pessoa do sexo masculino, embora “Excelência” seja feminino).
- de número: “A multidão, desesperada, corriam em direção à saída.” (Concorda com a ideia de pluralidade contida em “multidão”, embora o verbo devesse concordar com o singular).
- de pessoa: “Os brasileiros somos apaixonados por futebol.” (O falante se inclui na ideia de “brasileiros”, usando a primeira pessoa do plural, embora “brasileiros” seja terceira pessoa).
2. Concordância com o Sentido (Atração e Zeugma):
- Atração: Ocorre quando uma palavra atrai a concordância de outra para si, contrariando a regra geral. Exemplo: “A maioria dos alunos faltaram.” (O verbo deveria concordar com “maioria”, mas foi atraído pelo plural de “alunos”).
- Zeugma: É uma forma de elipse em que um termo implícito influencia a concordância. Exemplo: “Ele gosta de cinema; eu, de teatro.” (Subentende-se “gosto” após “eu”, justificando a concordância do verbo “gostar” na primeira oração).
3. Concordância Lógica (Gramática): É a concordância que segue rigorosamente as regras gramaticais, sem se deixar influenciar pelo sentido ou pela ideia. É o oposto da silepse e, em muitos casos, compete com a concordância atrativa. Exemplo: “A maioria dos alunos faltou.” (Verbo concordando com “maioria”).
4. Concordância Estilística: Em alguns casos, a escolha da concordância pode ser motivada por razões estilísticas, para dar ênfase a determinado elemento da frase ou para criar um efeito expressivo.
Portanto, a concordância no português vai além da tradicional dicotomia verbal-nominal. Compreender as nuances da silepse, da atração, do zeugma e da própria concordância gramatical, bem como o papel da estilística, é fundamental para dominar a língua e expressar-se com clareza, precisão e elegância. A riqueza da língua reside justamente nessas sutilezas, que nos permitem navegar pelos diferentes registros e explorar as infinitas possibilidades da comunicação.
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