Quem desenvolveu a língua de sinais?
A linguística das línguas de sinais teve um importante precursor: William Stokoe, considerado o pai desta área. Ele, um linguista americano, foi pioneiro no estudo dessas línguas.
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A Origem da Linguística de Sinais: Desvendando o Legado de William Stokoe e a Evolução do Campo
A compreensão da língua de sinais como um sistema linguístico complexo e autônomo, e não simplesmente como um conjunto de gestos, é relativamente recente. Enquanto a comunicação por sinais existe há milênios, a sua análise científica e a construção de uma verdadeira linguística das línguas de sinais só ganharam impulso no século XX, impulsionada, principalmente, pelo trabalho revolucionário de William Stokoe.
Embora comunidades surdas utilizassem suas próprias línguas de sinais por gerações, antes de Stokoe, prevalecia a visão de que estas eram meros recursos auxiliares de comunicação, sem a estrutura e complexidade inerentes a uma língua falada. Essa percepção errônea relegava as línguas de sinais a um segundo plano, impedindo estudos aprofundados sobre sua sintaxe, semântica e fonologia. Era vista como uma forma de mímica ou pantomima, carente da riqueza e sistematicidade de linguagens orais.
A contribuição fundamental de William Stokoe reside na sua demonstração irrefutável de que a língua de sinais americana (ASL – American Sign Language) possui estrutura gramatical complexa e própria, equiparável a qualquer língua falada. Em sua obra seminal, A Dictionary of American Sign Language on Linguistic Principles (1965), Stokoe apresentou um sistema de transcrição para a ASL, analisando-a através de parâmetros linguísticos – a chamada análise chereiquêmica que descreve os sinais levando em conta as posições da mão, a sua movimentação e a orientação do corpo. Ele demonstrou a existência de unidades mínimas significativas (fonemas), morfemas e regras gramaticais, refutando a ideia de que a ASL seria apenas uma representação visual da língua inglesa.
A pesquisa de Stokoe não apenas revolucionou a forma como a ASL era compreendida, mas também abriu caminho para o estudo sistemático de outras línguas de sinais em todo o mundo. Sua metodologia inovadora inspirou gerações de linguistas, levando à criação de programas acadêmicos e à realização de inúmeras pesquisas que comprovaram a riqueza e a diversidade das línguas de sinais.
No entanto, é crucial destacar que Stokoe não “desenvolveu” as línguas de sinais. Ele não as criou; antes, seu trabalho foi crucial para a descoberta de sua natureza linguística e para o desenvolvimento do campo da linguística de sinais. As línguas de sinais surgiram e evoluíram organicamente dentro das comunidades surdas, resultando em sistemas complexos e intrincados, adaptados às suas necessidades comunicativas e culturais. O mérito de Stokoe reside em fornecer as ferramentas analíticas e o embasamento teórico que permitiram a compreensão e a valorização dessas línguas como sistemas linguísticos completos e ricos. Seu legado persiste na contínua evolução da linguística de sinais e na crescente conscientização sobre a importância da inclusão e do respeito à diversidade linguística.
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