Onde nasceu escrita?

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Embora existam registros visuais muito antigos em cavernas, datando de até 40 mil anos, a escrita sistematizada surgiu bem depois. Por volta de 3500 a.C., na Mesopotâmia, os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme, considerada um dos primeiros sistemas de escrita organizados e completos, marcando um ponto crucial na história da comunicação humana.

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A pergunta “Onde nasceu a escrita?” não possui uma resposta tão simples quanto apontar para um local específico no mapa. Afinal, a trajetória da escrita é um processo evolutivo complexo, que se estendeu por milênios e envolveu diferentes culturas. Enquanto marcas e símbolos rudimentares podem ser encontrados em arte rupestre com dezenas de milhares de anos – evidências de expressão visual que antecedem a escrita propriamente dita – a emergência de um sistema de escrita sistematizado, capaz de transmitir informações complexas e abstratas, é um marco histórico bem mais recente.

Antes de mergulharmos na localização geográfica, é fundamental definir o que entendemos por “escrita”. Não se trata apenas de desenhos ou símbolos aleatórios. A escrita, em sua essência, requer um sistema organizado de signos que representem fonemas (sons da fala) ou morfemas (unidades mínimas de significado), permitindo a transmissão de ideias e informações de forma estruturada e relativamente independente da oralidade. Neste sentido, a escrita surge como uma forma de armazenamento e transmissão de conhecimento que transcende as limitações da memória individual.

A resposta mais aceita para a questão sobre o berço da escrita aponta para a Mesopotâmia, região localizada entre os rios Tigre e Eufrates (atual Iraque). Por volta de 3500 a.C., os sumérios, uma civilização altamente desenvolvida para a época, criaram a escrita cuneiforme. Utilizando estiletes sobre tabuletas de argila úmida, os escribas sumérios elaboravam complexos sistemas de cunhas, que inicialmente representavam objetos e conceitos concretos. A evolução da cuneiforme para um sistema mais abstrato, capaz de representar sons, foi um processo gradual, mas crucial para o desenvolvimento da escrita como a conhecemos.

É importante ressaltar que a escrita cuneiforme não surgiu do nada. Acredita-se que ela evoluiu a partir de sistemas pictográficos anteriores – representações visuais diretas de objetos – que gradualmente se tornaram mais abstratos e simbólicos. Esta transição, de uma representação visual imediata para uma representação fonética, marca uma profunda mudança na forma como a humanidade registrava e transmitia informações.

A Mesopotâmia, portanto, não apenas testemunhou o surgimento de um dos primeiros sistemas de escrita completos, mas também criou as condições sociais e culturais para seu desenvolvimento. A necessidade de registrar informações sobre agricultura, comércio, administração e religião impulsionou a inovação, levando à criação de um sistema de escrita que se espalhou por outras culturas e influenciou o desenvolvimento de alfabetos posteriores em diversas regiões do mundo. A escrita, assim, não nasceu em um único lugar ou momento específico, mas sim como resultado de um longo processo evolutivo, culminando na Mesopotâmia com a invenção da escrita cuneiforme, um marco fundamental na história da humanidade.