Porque é que o borderline se afasta?

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Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) frequentemente enfrentam desafios sociais significativos. As emoções intensas e instáveis vivenciadas podem gerar desconforto em amigos e familiares. Essa dinâmica, somada ao medo de abandono característico do TPB, pode levar ao isolamento, pois o indivíduo se afasta para evitar rejeição ou conflitos interpessoais percebidos.

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O afastamento no Transtorno de Personalidade Borderline: Um ciclo de medo e proteção

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é caracterizado por uma instabilidade significativa nas relações interpessoais, na autoimagem e no humor. Uma das manifestações mais angustiantes desse transtorno, tanto para a pessoa que o vivencia quanto para seu círculo social, é o comportamento de afastamento, frequentemente interpretado como rejeição ou indiferença. No entanto, a realidade é mais complexa e frequentemente motivada por um ciclo de medo e tentativa de autoproteção.

Contrariamente à ideia de que o afastamento é um ato deliberado de rejeição, ele geralmente surge de um lugar de profunda insegurança e medo de abandono. Indivíduos com TPB possuem uma intensa necessidade de conexão, mas também uma hipersensibilidade a qualquer sinal – real ou percebido – de rejeição ou crítica. Uma pequena discordância, uma frase mal interpretada ou até mesmo uma mudança sutil na dinâmica do relacionamento podem ser catastróficos, desencadeando uma cascata de emoções intensas como raiva, tristeza, medo e vergonha.

Esse medo de abandono, muitas vezes enraizado em experiências traumáticas da infância, impulsiona o comportamento de afastamento como um mecanismo de defesa. Ao se afastar, a pessoa com TPB busca evitar a dor iminente da rejeição, antecipando-se a ela antes que ocorra. Paradoxalmente, essa estratégia, embora visando proteção, acaba por alimentar o próprio medo, criando um ciclo vicioso. O afastamento pode ser interpretado pelos outros como rejeição, reforçando a crença central do indivíduo com TPB de ser indigno de amor e afeto.

O afastamento pode se manifestar de diversas maneiras: desde um afastamento físico, com a redução do contato com amigos e familiares, até um distanciamento emocional, marcado por uma comunicação evasiva e retraída. Pode ainda incluir o rompimento de relações significativas, como forma de se proteger de uma potencial futura dor. É importante ressaltar que essas ações não são deliberadamente maldosas, mas sim consequências diretas da instabilidade emocional e do medo inerente ao TPB.

Compreender a dinâmica por trás do afastamento no TPB é crucial para estabelecer relações mais saudáveis e empáticas. Em vez de interpretar o afastamento como rejeição, é fundamental buscar entender as causas subjacentes, a dor e a fragilidade que o impulsionam. Apoio profissional, através de terapia, é fundamental tanto para a pessoa com TPB, que precisa aprender a lidar com suas emoções e desenvolver mecanismos de enfrentamento mais saudáveis, quanto para o seu círculo social, que necessita de ferramentas para entender e lidar com a complexidade do transtorno. A empatia, a comunicação aberta e o respeito são essenciais para quebrar o ciclo de medo e permitir uma conexão mais segura e sustentável.