Qual a síndrome em que a pessoa fala palavrão?

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A Síndrome de Tourette é um transtorno neurológico que pode se manifestar na infância, caracterizado por tiques motores e vocais, incluindo vocalizações involuntárias, como palavrões. O diagnóstico é feito por um neurologista, e apesar de não haver exame específico, a observação dos sintomas é fundamental.

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Além dos Tiques: A Síndrome de Tourette e a Coprolalia

A Síndrome de Tourette é um transtorno neurológico caracterizado por tiques motores e vocais crônicos e múltiplos, frequentemente involuntários e de início na infância. Embora amplamente conhecida pela possibilidade de emissão de palavrões – fenômeno chamado coprolalia – essa manifestação não é universal e, na verdade, é menos comum do que se imagina. Este artigo visa esclarecer a relação entre a Síndrome de Tourette e a coprolalia, desmistificando alguns equívocos comuns.

A coprolalia, ou seja, a emissão involuntária de palavrões ou obscenidades, é apenas um dos muitos tipos de tiques vocais que podem ocorrer na Síndrome de Tourette. Outros tiques vocais incluem grunhidos, tosse, gritos, repetição de palavras ou frases (ecopraxia), e até mesmo a repetição de seus próprios sons (palilalia). É importante destacar que a maioria das pessoas com Síndrome de Tourette não apresenta coprolalia. A incidência desta manifestação específica é estimada em torno de 10% a 15% dos indivíduos diagnosticados com a síndrome.

A gravidade da Síndrome de Tourette e a presença ou ausência de coprolalia variam consideravelmente de pessoa para pessoa. Alguns indivíduos podem apresentar apenas tiques leves e transitórios, enquanto outros podem experimentar tiques mais intensos e debilitantes que interferem significativamente na sua vida social, profissional e escolar. A intensidade dos tiques, incluindo a coprolalia, pode flutuar ao longo do tempo, sendo influenciada por fatores como estresse, cansaço e emoções intensas.

O diagnóstico da Síndrome de Tourette é feito por um profissional de saúde, geralmente um neurologista ou psiquiatra infantil, com base na observação dos sintomas e na exclusão de outras condições médicas que possam causar tiques semelhantes. Não existe um exame específico para diagnosticar a síndrome; o diagnóstico é clínico, baseado nos critérios diagnósticos estabelecidos pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e pela CID-11 (Classificação Internacional de Doenças).

É crucial enfatizar que a coprolalia, quando presente, não é um ato deliberado de falta de respeito ou de rebeldia. É uma manifestação involuntária da síndrome, e rotular indivíduos com Tourette como “mal-educados” ou “desrespeitosos” demonstra falta de compreensão da condição. O foco deve ser na compreensão da síndrome, no suporte ao indivíduo afetado e no tratamento adequado, que pode incluir terapia comportamental, medicamentos ou uma combinação de ambos, visando a redução da frequência e da intensidade dos tiques. O objetivo é melhorar a qualidade de vida do indivíduo e ajudá-lo a lidar com os desafios impostos pela síndrome.

Em resumo, a Síndrome de Tourette é um transtorno complexo que se manifesta de diversas formas. A coprolalia é apenas um dos seus possíveis sintomas, e a sua presença ou ausência não define a gravidade da síndrome. A conscientização sobre a condição e a desmistificação de seus aspectos, como a coprolalia, são fundamentais para promover a inclusão e o respeito por pessoas que convivem com esse transtorno neurológico.