O que é barganha na separação?
Após a fase da raiva, surge a barganha na separação. É nesse momento que buscamos negociar, ceder e até prometer mudanças para evitar a perda definitiva, alimentando a esperança de reconciliação e reconstrução do relacionamento.
A Barganha na Separação: Uma Tentativa Desesperada de Controle e Reconciliação
A separação, um processo muitas vezes doloroso e complexo, raramente segue uma linha reta. Em vez disso, é comum vivenciar diferentes fases emocionais, e uma delas, frequentemente sucedendo a fase inicial de raiva e negação, é a barganha. Diferentemente da barganha comercial, onde se troca um bem por outro de forma objetiva, a barganha na separação é um processo emocionalmente carregado, movido por um desejo profundo de evitar a perda e manter o controle sobre uma situação que escapa das mãos.
Neste estágio, a pessoa que está se sentindo abandonada ou a que está sendo abandonada (embora ambas possam experimentar essa fase) busca desesperadamente negociar a situação. As promessas de mudança são abundantes: “Se você voltar, eu paro de trabalhar até tarde”, “Vou fazer terapia”, “Vou mudar completamente meu comportamento”. Essas promessas, muitas vezes sinceras no momento em que são feitas, surgem de um lugar de medo intenso da solidão, da perda do parceiro e da ruptura da estrutura familiar. A barganha não é, portanto, uma estratégia racional, mas sim uma reação emocional a uma ameaça existencial à identidade e ao autoconceito que estavam intrinsecamente ligados ao relacionamento.
É importante diferenciar a barganha de uma genuína vontade de mudar. Enquanto a genuína mudança requer um trabalho introspectivo profundo e consistente, a barganha é frequentemente motivada pela necessidade urgente de evitar a separação, sem necessariamente implicar em uma transformação interna duradoura. A pessoa pode prometer mudanças superficiais, focando em comportamentos fáceis de modificar, sem abordar as raízes profundas dos problemas que levaram ao término do relacionamento.
Essa fase pode ser particularmente difícil para ambos os lados. A pessoa que está sendo “barganhada” pode se sentir manipulada, pressionada a voltar a uma situação que já não lhe é mais saudável. Pode também sentir culpa por não ceder às promessas, mesmo que saiba que o relacionamento está irremediavelmente comprometido. A pessoa que está fazendo a barganha, por sua vez, pode se sentir frustrada e rejeitada se suas tentativas de negociar a reconciliação falharem, intensificando ainda mais o sofrimento emocional.
Superar a fase da barganha requer aceitação. Aceitar a realidade da separação, mesmo que dolorosa, é o primeiro passo para seguir em frente e construir um futuro mais saudável e autônomo. Buscar apoio profissional, seja através de terapia individual ou de casal, pode auxiliar na compreensão das emoções envolvidas e na elaboração do luto pela perda do relacionamento. Reconhecer que a barganha é um mecanismo de defesa emocional, e não uma estratégia eficaz para resolver os problemas de relacionamento, é fundamental para o processo de cura e superação dessa fase desafiadora.
#Barganha#Divórcio#Separação