Quais são os três tipos de morfologia?

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A morfologia classifica as palavras em dois tipos principais: variáveis e invariáveis. As variáveis (substantivo, adjetivo, pronome, numeral, artigo e verbo) flexionam em gênero, número e grau. As invariáveis (preposição, conjunção, interjeição e advérbio) não sofrem flexões.

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Além da Flexão: Os Três Tipos de Morfologia e a Análise das Palavras

A morfologia, ramo da linguística que estuda a estrutura, formação e classificação das palavras, vai além da simples divisão entre palavras variáveis e invariáveis (como substantivos, adjetivos, verbos, preposições, etc.). Embora essa classificação, baseada na flexão, seja fundamental, ela representa apenas uma das facetas da morfologia. Para compreendermos plenamente a complexidade da formação das palavras, precisamos considerar os três tipos de morfologia: flexional, derivacional e lexical.

1. Morfologia Flexional:

Esta é a morfologia mais conhecida e didaticamente abordada inicialmente. Ela se concentra nas variações das palavras sem que haja alteração da sua classe gramatical ou do seu significado essencial. As flexões ocorrem para indicar concordância de gênero, número, pessoa, tempo, modo e outras categorias gramaticais. Por exemplo, a palavra “casa” pode flexionar em número (“casas”) e a palavra “amar” pode flexionar em tempo (“amou”, “amará”) e pessoa (“amo”, “amas”, “ama”). A morfologia flexional, portanto, lida com os morfemas flexionais, que são afixos (prefixos ou sufixos) que indicam essas variações.

2. Morfologia Derivacional:

Diferentemente da flexional, a morfologia derivacional cria novas palavras a partir de uma palavra primitiva, podendo ou não haver mudança de classe gramatical. Esse processo acontece pela adição de afixos derivacionais (prefixos ou sufixos). Por exemplo, a partir da palavra “terra”, podemos derivar “terreno” (mudança de classe, de substantivo para adjetivo), “aterrar” (mudança de classe, de substantivo para verbo) e “terrestre” (mudança de classe, de substantivo para adjetivo). Observe que, embora a palavra original seja a mesma, as derivadas possuem significados e, muitas vezes, classes gramaticais distintas.

3. Morfologia Lexical (ou Morfologia de Formação de Palavras):

A morfologia lexical se dedica ao estudo dos processos de formação de novas palavras na língua. Ela engloba tanto a morfologia derivacional, já mencionada, quanto outros processos, como:

  • Composição: União de dois ou mais radicais para formar uma nova palavra, como em “passatempo” (passa + tempo) e “girassol” (gira + sol).
  • Onomatopeia: Criação de palavras que imitam sons, como “tique-taque” e “zum-zum”.
  • Hibridismo: Formação de palavras a partir da junção de elementos de línguas diferentes, como “sambódromo” (samba – português + dromo – grego) e “automóvel” (auto – grego + móvel – latim).
  • Siglonimização: Formação de palavras a partir das iniciais de outras palavras, como “ONU” (Organização das Nações Unidas) e “IBGE” (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
  • Empréstimos linguísticos: Incorporação de palavras de outras línguas, como “pizza” (italiano) e “internet” (inglês).

Compreender os três tipos de morfologia é essencial para uma análise completa da estrutura das palavras e da riqueza da língua portuguesa. A flexão nos mostra como as palavras se adaptam às diferentes situações gramaticais, a derivação nos revela como novas palavras surgem a partir de outras já existentes, e a morfologia lexical nos permite entender os diversos mecanismos que contribuem para a expansão e a dinamicidade do vocabulário.