Qual é a hormona da saudade?

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A saudade, além da melancolia, pode manifestar-se fisicamente por meio de irritabilidade, insônia e aumento do cortisol, o hormônio do estresse. Esse conjunto de sintomas gera um desconforto físico e mental difuso, embora geralmente em menor grau do que outros estados de estresse intenso.

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A Saudade Tem Hormônio? Desvendando a Bioquímica da Emoção

A saudade, esse sentimento tão intrinsecamente ligado à cultura brasileira, vai além de uma simples tristeza ou melancolia. Ela é uma complexa teia de emoções, memórias e sensações físicas que nos conectam ao passado, a pessoas queridas, lugares e momentos vividos. Mas será que existe um “hormônio da saudade”? A resposta, como a própria saudade, é multifacetada.

Embora não exista um único hormônio especificamente dedicado à saudade, ela desencadeia uma cascata de reações bioquímicas no nosso organismo, com destaque para o cortisol, conhecido como o hormônio do estresse. A ausência do objeto da saudade – seja uma pessoa, um lugar ou um tempo – pode ser interpretada pelo cérebro como uma forma de perda, ativando o sistema de resposta ao estresse. Isso explica por que a saudade, além da melancolia, pode manifestar-se fisicamente através de sintomas como irritabilidade, insônia, alteração no apetite e, sim, aumento do cortisol.

É importante ressaltar que esse aumento de cortisol na saudade geralmente ocorre em menor grau do que em situações de estresse agudo. Imagine a diferença entre a saudade de um familiar distante e o estresse de uma emergência. Ambos envolvem o cortisol, mas em intensidades distintas. A saudade, em sua forma mais comum, gera um desconforto difuso, uma espécie de “dor doce”, enquanto o estresse intenso provoca uma reação mais aguda e imediata.

Além do cortisol, outros neurotransmissores e hormônios também participam da complexa orquestra bioquímica da saudade. A dopamina, por exemplo, ligada à sensação de prazer e recompensa, pode ter seus níveis reduzidos na ausência do objeto da saudade, contribuindo para a sensação de vazio e tristeza. A serotonina, neurotransmissor relacionado ao bem-estar e humor, também pode ser afetada, intensificando a melancolia. E a oxitocina, o “hormônio do amor”, que promove a ligação social, pode ter sua produção diminuída, reforçando o sentimento de falta e solidão.

Portanto, não existe um único “hormônio da saudade”, mas sim uma complexa interação entre diferentes substâncias químicas que, em conjunto com fatores psicológicos e culturais, constroem essa emoção tão singular. Compreender essa intrincada teia bioquímica nos ajuda a entender melhor a saudade, não como uma doença, mas como uma experiência humana universal, intrinsecamente ligada à nossa capacidade de amar, lembrar e conectar-nos com o mundo ao nosso redor. Afinal, como diria o poeta, “a saudade é a nossa memória do coração”.