Quantos neurônios tem um ser humano?

Desvendando o Mito dos 100 Bilhões: Afinal, Quantos Neurônios Temos?

Por muito tempo, o número mágico de 100 bilhões de neurônios foi propagado como a população neuronal padrão do cérebro humano. Essa cifra, embora impressionante, carecia de bases científicas sólidas e se perpetuou mais como um senso comum do que como um dado preciso. Estudos mais recentes, utilizando metodologias mais rigorosas, desmistificaram esse número e nos trouxeram uma estimativa mais próxima da realidade: 86 bilhões de neurônios.

Essa nova contagem, longe de diminuir a complexidade do nosso cérebro, ressalta a incrível eficiência e a intrincada arquitetura neuronal que nos permite realizar tarefas tão diversas, desde as mais simples até as mais complexas. Afinal, não é simplesmente a quantidade de neurônios que define nossa capacidade cognitiva, mas sim a forma como eles se conectam e interagem.

A pesquisa que chegou ao número de 86 bilhões utilizou uma técnica inovadora que envolve a dissolução de membranas celulares de cérebros doados para criar uma “sopa” homogênea. Ao analisar essa solução, os cientistas puderam contar os núcleos celulares dos neurônios de forma mais precisa, eliminando a subjetividade inerente a métodos anteriores.

Dentre esses 86 bilhões, aproximadamente 16 bilhões residem no córtex cerebral, a camada mais externa do cérebro, também conhecida como substância cinzenta. Essa região, comparativamente maior em humanos do que em outros mamíferos, é a sede das funções cognitivas superiores, como linguagem, raciocínio abstrato, tomada de decisões e consciência. A alta concentração de neurônios no córtex reflete a importância dessa área para a nossa capacidade de processar informações, aprender e interagir com o mundo.

A descoberta de que possuímos 86 bilhões, e não 100 bilhões, de neurônios, não minimiza a complexidade do cérebro humano. Pelo contrário, abre novas perspectivas para a pesquisa neurocientífica, incentivando a investigação de como essa quantidade específica de neurônios, combinada com a intrincada rede de conexões sinápticas, dá origem à riqueza da experiência humana. Compreender a fundo essa arquitetura neuronal é crucial para avançarmos no tratamento de doenças neurológicas e desvendar os mistérios da mente humana.