Tem que ver ou tem que haver?

Tem a ver ou tem haver? Desvendando o mistério da concordância verbal

A dúvida sobre a forma correta entre “tem a ver” e “tem haver” é recorrente, gerando insegurança em muitos falantes da língua portuguesa. A resposta, apesar de simples, requer uma análise da estrutura gramatical envolvida e, principalmente, da semântica que se pretende transmitir.

A forma correta é, inquestionavelmente, “tem a ver”. Essa locução verbal indica relação, pertinência ou conexão entre elementos. Ela expressa a ideia de que algo está ligado, relacionado ou se relaciona com outra coisa. Observe alguns exemplos:

• “Essa decisão tem a ver com a sua promoção.” (A decisão está relacionada à promoção.)
• “Seu comportamento tem a ver com a sua educação.” (O comportamento se relaciona com a educação.)
• “Aquele livro tem a ver com a história da arte.” (O livro trata da história da arte.)

Por outro lado, a expressão “tem haver” não existe no português padrão. Ela resulta de uma confusão com a conjugação do verbo “haver” e o uso da preposição “a”. O verbo “haver”, quando impessoal (no sentido de existir), é invariável, ou seja, permanece na terceira pessoa do singular. Porém, nesse caso específico, ele não se aplica. Não existe uma estrutura gramatical que justifique o uso de “tem haver”.

A incorreção de “tem haver” se torna ainda mais evidente quando comparamos com outras locuções verbais similares, como “nada a ver”, “muito a ver”, “pouco a ver”, etc. Todas elas utilizam a preposição “a” para estabelecer a relação entre o verbo “ter” e o substantivo abstrato implícito (a relação, a conexão).

A utilização incorreta de “tem haver” pode gerar ambiguidade e comprometer a clareza da mensagem. Evitar esse erro é fundamental para garantir a precisão e a formalidade da comunicação, seja na escrita ou na fala. Priorizar a forma correta – “tem a ver” – demonstra domínio da língua e respeito pela norma culta. Portanto, lembre-se: se você quer expressar uma relação, conexão ou pertinência, a escolha certa é sempre “tem a ver”.