Como são chamadas as funções de linguagem?

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As funções da linguagem são emotiva, referencial, conativa, fática, metalinguística e poética. Essas seis funções estão presentes em toda comunicação.

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Desvendando as Funções da Linguagem: Mais do que Simples Classificações

A comunicação humana é um universo complexo, repleto de nuances e objetivos. Para entendermos melhor como construímos e interpretamos mensagens, a linguística recorre à análise das funções da linguagem, um conceito fundamental para decifrar a intenção comunicativa por trás de cada texto ou enunciado. Contrariamente à ideia simplista de que uma mensagem possui apenas uma função, a verdade é que, na maioria das vezes, as funções se entrelaçam e se complementam, criando uma rica teia de significados. Vamos explorar cada uma delas, ultrapassando a mera definição e aprofundando sua aplicação prática:

1. Função Emotiva ou Expressiva: Aqui, o foco principal reside no emissor da mensagem. A intenção é expressar sentimentos, opiniões, estados emocionais e impressões pessoais. Verbos e pronomos na primeira pessoa (“eu”, “meu”, “minha”), interjeições e adjetivos valorativos são fortes indicadores dessa função. Exemplos: “Estou tão feliz hoje!”, “Que dia horrível!”, “Sinto-me completamente perdido.” Note que, mesmo em textos aparentemente objetivos, a escolha das palavras e o tom empregado podem revelar a emoção do emissor.

2. Função Referencial ou Denotativa: Nesta função, o centro da comunicação é o referente, ou seja, o objeto, fato ou ideia sobre o qual se fala. A prioridade é a informação objetiva e precisa, com ênfase na clareza e na neutralidade. Predominam substantivos, verbos no infinitivo ou em tempos verbais que indicam fatos, e linguagem denotativa (sem figuras de linguagem). Exemplos: “A Terra gira em torno do Sol.”, “O Brasil é um país de dimensões continentais.”, “A reunião será às 14h.” Textos científicos e jornalísticos buscam, idealmente, priorizar essa função.

3. Função Conativa ou Apelativa: O foco está no receptor da mensagem. A intenção é persuadir, convencer, influenciar, ordenar ou solicitar uma ação. Recursos como verbos no imperativo (“Faça isso!”, “Compre agora!”), vocativos (“Senhor, por favor…”), perguntas retóricas e pronomes de tratamento são comuns. Anúncios publicitários, discursos políticos e ordens militares são exemplos clássicos de textos que privilegiam essa função.

4. Função Fática: Seu objetivo é estabelecer, prolongar ou interromper o canal de comunicação. Não se concentra na transmissão de informações, mas sim na manutenção do contato. Expressões como “alô?”, “entendeu?”, “está me ouvindo?”, “hum hum” são exemplos típicos. Cumprimentos (“bom dia”, “boa tarde”) também podem ter função fática, além de outras funções.

5. Função Metalinguística: A linguagem volta-se para si mesma. O código é o tema da mensagem, ou seja, a própria linguagem é usada para explicar ou descrever a linguagem. Dicionários, gramáticas e comentários sobre textos literários exemplificam bem essa função. “A palavra ‘casa’ é um substantivo feminino.” é um exemplo claro.

6. Função Poética: Aqui, o foco está na mensagem em si, na sua organização e construção estética. A ênfase está na forma como a mensagem é elaborada, explorando recursos estilísticos como figuras de linguagem (metáforas, metonímias, etc.), ritmo, sonoridade, rima e ambiguidades. A função poética é predominante em textos literários, mas pode estar presente em diferentes gêneros textuais, enriquecendo-os. Um slogan publicitário criativo, por exemplo, costuma explorar essa função.

Em resumo, as funções da linguagem não são compartimentos estanques. Uma mensagem pode, e geralmente o faz, articular diversas funções simultaneamente, criando um efeito comunicativo único e complexo. Analisá-las individualmente nos permite compreender melhor a riqueza e a versatilidade da comunicação humana.