Como se forma a passiva?

7 visualizações

A voz passiva se forma conjugando o verbo auxiliar ser em tempo e modo correspondentes ao da frase, seguido do particípio do verbo principal. Assim, a ação recai sobre o sujeito paciente. Exemplos: Os treinos são executados pelos veteranos; A professora será homenageada pelos alunos.

Feedback 0 curtidas

Desvendando a Voz Passiva: Mais que uma simples inversão

A voz passiva, frequentemente apresentada como uma mera inversão sintática, vai além de simplesmente trocar o sujeito e o objeto de lugar. Ela representa uma mudança de perspectiva, um deslocamento do foco da ação. Embora a explicação tradicional – verbo “ser” + particípio – seja correta, entender a sua formação implica compreender as nuances e as diferentes maneiras de construí-la, para além da estrutura básica.

A construção clássica, com o verbo auxiliar “ser” seguido do particípio do verbo principal, é chamada de voz passiva analítica. Nela, a concordância do verbo “ser” é crucial, espelhando o tempo e o modo do verbo original da voz ativa. “O bolo foi assado por mim” (pretérito perfeito do indicativo) e “O bolo será assado por mim” (futuro do presente do indicativo) exemplificam essa concordância. Observe que o agente da passiva (“por mim”) é frequentemente omitido, quando não é relevante ou já está subentendido.

Entretanto, a voz passiva se manifesta também de forma mais sutil, através da voz passiva sintética, ou pronominal. Construída com o verbo na terceira pessoa, acompanhado do pronome apassivador “se”, essa forma dispensa o agente da passiva. “Alugam-se casas” equivale a “Casas são alugadas”, porém com maior concisão e ênfase no objeto da ação (casas). A concordância verbal, neste caso, é fundamental: “Vendem-se apartamentos” (apartamentos são vendidos) e “Vende-se apartamento” (apartamento é vendido). A presença do “se” e a concordância verbal são os marcadores dessa construção passiva.

Além dessas duas formas mais comuns, existe a voz passiva com outros verbos auxiliares. Verbos como “ficar”, “estar” e “vir” podem, em contextos específicos, construir a passiva, carregando nuances semânticas particulares. “O documento ficou perdido” indica um estado resultante da ação de perder, enquanto “O documento está sendo analisado” destaca a ação em progresso. Essa construção, embora menos frequente, enriquece as possibilidades expressivas da voz passiva.

Por fim, é importante diferenciar a voz passiva da impessoalidade. Em frases como “Precisa-se de funcionários”, o “se” é índice de indeterminação do sujeito, e não pronome apassivador. Não há um objeto sendo transformado em sujeito paciente, como ocorre na passiva.

Dominar a voz passiva vai além de decorar fórmulas. Entender suas nuances, reconhecer suas diferentes formas e aplicá-las com precisão permite ao falante manipular o foco da informação, imprimir diferentes efeitos de sentido e enriquecer sua expressão escrita e oral. A passiva, portanto, é uma ferramenta poderosa que, quando bem utilizada, confere elegância e precisão à comunicação.