Como se referir às Libras?

9 visualizações

O correto é Língua de Sinais, e não linguagem de sinais. A Libras é uma língua estruturada, com gramática e variações regionais. Usar língua reflete essa complexidade.

Feedback 0 curtidas

Libras: Língua, não linguagem – Uma questão de respeito e precisão

A crescente conscientização sobre a inclusão de pessoas surdas na sociedade tem trazido à tona a importância da correta nomenclatura para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Muitas vezes, ainda se utiliza a expressão “linguagem de sinais”, um termo impreciso e que, por consequência, diminui a importância da Libras como língua estruturada e completa. Este artigo visa esclarecer por que o termo “Língua de Sinais” – e especificamente “Libras” para o caso brasileiro – é o mais adequado e respeitoso.

A diferença entre “língua” e “linguagem” reside em sua própria estrutura e complexidade. “Linguagem”, em seu sentido amplo, engloba qualquer sistema de comunicação, seja ele verbal, não-verbal ou simbólico. Já “língua” se refere a um sistema complexo e estruturado, com regras gramaticais próprias (fonologia, morfologia, sintaxe e semântica), vocabulário específico e variações regionais e sociais, assim como qualquer outra língua falada.

A Libras, assim como o português, o inglês ou o espanhol, possui todas essas características. Ela não é um mero conjunto de gestos, mas um sistema linguístico rico e sofisticado, capaz de expressar nuances, abstrações e complexidades igual ou superiormente a qualquer língua oral. Desconsiderar essa estrutura, utilizando “linguagem de sinais”, implica em reduzir a Libras a um código simplificado, desconsiderando sua riqueza cultural e sua importância para a identidade surda.

Utilizar o termo “Língua de Sinais” reconhece a Libras como um sistema linguístico legítimo, com a mesma validade e complexidade das línguas orais. Esta precisão vocabular é fundamental para promover a inclusão e o respeito à cultura surda. Além disso, a utilização do termo correto contribui para a valorização da Libras no contexto educacional, jurídico e social, assegurando o acesso a direitos e oportunidades para os surdos.

A escolha lexical, aparentemente trivial, carrega em si uma dimensão política e social. Ao utilizar “Libras” e “Língua de Sinais”, demonstramos respeito à comunidade surda e ao seu patrimônio linguístico. Substituir por termos imprecisos e simplificados, como “linguagem de sinais”, perpetua a invisibilização da língua e, consequentemente, das pessoas surdas. A correta denominação é um passo crucial na construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva e justa.

Portanto, lembre-se: Libras é uma Língua, tão rica e complexa quanto qualquer outra língua falada. Use o termo correto e contribua para a valorização da cultura surda.