Deve haver vai para o plural?

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O verbo haver, como sinônimo de ocorrer ou existir, permanece invariável. No entanto, ele conjuga-se em plural quando auxiliar, indicando pessoa, tempo e modo verbal, como em tempos compostos.

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O verbo “haver” em português brasileiro: nuances de variação

O verbo “haver”, em português brasileiro, apresenta uma característica peculiar que muitas vezes causa confusão: sua variação de número. Embora frequentemente usado como sinônimo de “ocorrer” ou “existir”, mantendo-se invariável nesse contexto, sua conjugação muda quando atua como auxiliar, indicando tempo, modo e pessoa verbal, principalmente em tempos compostos.

A confusão surge porque o uso de “haver” como verbo principal, significando “existir” ou “ocorrer”, não sofre flexão em número. Assim, dizemos “Há muitos livros na biblioteca” (e não “Hão muitos livros…”), “Houve um grande evento” (e não “Houveram…”), “Deverá haver problemas” (e não “Deverão haver…”). Nesses casos, o foco não está na pessoa que realiza a ação de existir ou ocorrer.

No entanto, quando “haver” atua como auxiliar, formando tempos compostos, ele se flexiona em número para concordar com o sujeito da oração. A principal distinção está em seu uso como auxiliar em relação a outros verbos. Por exemplo:

  • Presente perfeito: “Nós já temos havido dificuldades.” (correto) / “Nós já temos havido dificuldades.” (correto, em ambos os casos)

  • Pretérito perfeito composto: “Eles têm havido muitos problemas.” (correto) / “Ela tem havido muitos problemas” (correto). Repare na concordância entre o auxiliar “ter” e o sujeito “eles/ela”.

  • Futuro do pretérito composto: “Vocês terão havido oportunidades.” (correto).

  • Pretérito mais-que-perfeito composto: “Eles tinham havido muitas decisões difíceis.” (correto).

A chave para entender a flexão de “haver” como auxiliar está na sua função sintática. Quando acompanhado de outro verbo, seu papel é auxiliar, e a sua concordância com o sujeito do verbo principal determina o número.

Em resumo, o verbo “haver” em português brasileiro apresenta uma dualidade: invariável em sentido pleno, como verbo principal para indicar existência ou ocorrência, mas flexionado em número quando auxilia outros verbos em tempos compostos para indicar a pessoa do sujeito. A compreensão dessa distinção é fundamental para o uso correto da língua.