O que devemos escrever na introdução de um trabalho?

O Artefato da Primeira Impressão: Construindo uma Introdução Eficaz em Trabalhos Científicos

A introdução de um trabalho científico, seja ele um artigo, uma dissertação ou uma tese, é muito mais do que uma simples apresentação do tema. É, na verdade, o artefato que molda a primeira impressão do leitor, determinando, em grande medida, o interesse e a compreensão do restante do trabalho. Ela precisa ser um convite à leitura, um mapa que guia o leitor pela jornada intelectual que se seguirá. Mas como construir essa introdução de forma eficaz, evitando a repetição de informações amplamente disponíveis e garantindo a originalidade?

Em vez de simplesmente listar os elementos constitutivos (tema, objetivos e metodologia), vamos abordar a construção da introdução como uma narrativa estratégica, que deve progredir logicamente, conduzindo o leitor suavemente para o cerne da pesquisa. Essa narrativa precisa equilibrar a contextualização ampla do tema com a apresentação precisa e concisa do trabalho em si.

A Construção Narrativa:

Imagine a introdução como um funil. Iniciamos com uma abertura ampla, contextualizando o tema dentro de um panorama maior. Por exemplo, se a pesquisa trata da eficácia de um novo medicamento para Alzheimer, podemos começar com uma breve discussão sobre a crescente prevalência da doença, os desafios do seu tratamento atual e as lacunas de conhecimento que a pesquisa se propõe a preencher. Essa contextualização demonstra a relevância do tema e justifica a necessidade do estudo.

À medida que avançamos, o funil se estreita. A partir da contextualização geral, direcionamos o foco para o problema específico abordado pela pesquisa. Em nosso exemplo, isso poderia ser a falta de eficácia de medicamentos existentes em determinado estágio da doença ou a necessidade de um tratamento com menos efeitos colaterais. Esta delimitação precisa e clara é crucial para evitar generalizações e garantir o foco do trabalho.

Finalmente, no fundo do funil, apresentamos de forma sucinta os objetivos específicos da pesquisa e a metodologia empregada para alcançá-los. Isso não significa descrever detalhadamente os métodos, mas sim fornecer uma visão geral do caminho percorrido para responder à questão de pesquisa. No exemplo, poderíamos mencionar o tipo de estudo realizado (experimental, observacional, etc.), o tamanho da amostra e as principais técnicas utilizadas.

Evite o óbvio e busque a originalidade:

A originalidade não reside apenas em resultados inovadores, mas também na forma como apresentamos o trabalho. Evite introduções genéricas que apenas repetem informações amplamente difundidas. Em vez disso, procure destacar a perspectiva única da sua pesquisa, a contribuição original que ela oferece ao campo de conhecimento. Pergunte-se: qual a lacuna que esta pesquisa preenche? Qual a nova perspectiva que ela traz?

A Relevância da Clareza e Objetividade:

A clareza e a objetividade são imprescindíveis em toda a extensão do trabalho, mas especialmente na introdução. Evite jargões desnecessários, termos técnicos sem explicação e frases longas e complexas. A introdução deve ser acessível a um público amplo, mesmo que o tema seja especializado. Utilize uma linguagem concisa e direta, transmitindo a informação de forma clara e eficiente.

Em resumo, uma introdução eficaz em um trabalho científico não é um simples apanhado de informações, mas uma narrativa estratégica que guia o leitor pela jornada intelectual da pesquisa, contextualizando o tema, delimitando o problema e apresentando os objetivos e a metodologia de forma concisa, clara e original. É o primeiro passo para construir um trabalho de sucesso.