O que é morfologia de Libras?

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A Morfologia de Libras investiga a estrutura interna dos sinais, analisando a combinação de morfemas – unidades mínimas de significado – que os constituem. Estuda as regras que governam a formação dos sinais, desvendando como seus componentes se articulam para criar novos significados.

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Desvendando a Morfologia da Libras: A Construção do Significado nos Sinais

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua visual-espacial rica e complexa, com sua própria estrutura gramatical única. Para entender profundamente a Libras, é crucial analisar sua morfologia, ou seja, o estudo da estrutura interna dos sinais e como eles são formados. Diferentemente das línguas orais, a morfologia da Libras se manifesta de forma visual e espacial, explorando parâmetros como a configuração de mão, o ponto de articulação, o movimento e a orientação.

A compreensão da morfologia da Libras revela como os morfemas, as menores unidades de significado, se combinam para criar uma variedade quase infinita de sinais. Não se trata simplesmente de juntar arbitrariamente diferentes partes; existem regras e padrões que governam essa combinação, criando um sistema de formação de palavras (ou, mais precisamente, de sinais) bastante sistemático.

Ao analisar a morfologia de um sinal, podemos identificar diferentes tipos de morfemas:

  • Morfemas livres: São unidades mínimas de significado que podem funcionar sozinhas como um sinal completo. Por exemplo, o sinal para “CASA” é um morfema livre.

  • Morfemas ligados: Estes precisam estar combinados com outros morfemas para formar um sinal completo e com significado. Eles geralmente adicionam informações gramaticais ou modificam o significado do morfema livre. Um exemplo comum é a incorporação de morfemas locativos, que indicam a localização da ação ou objeto (ex: “CASA-EM-CIMA”).

A combinação de morfemas na Libras pode ocorrer através de diversos processos morfológicos, incluindo:

  • Composição: A junção de dois ou mais morfemas livres para formar um novo sinal com significado diferente, como a combinação de sinais para criar compostos (ex: “TELEFONE-CELULAR”).

  • Derivação: A adição de um morfema ligado a um morfema livre, alterando seu significado ou categoria gramatical. Isso pode envolver a modificação da configuração da mão, da orientação, ou a adição de movimentos específicos (ex: a derivação de um sinal para indicar pluralidade ou aspecto verbal).

  • Incorporação: Processo no qual um morfema, geralmente representando um objeto ou local, é incorporado ao sinal principal, adicionando informação semântica e simplificando a estrutura da frase (ex: “COMER-ARROZ”).

A riqueza da morfologia da Libras reside na sua capacidade de compactar informações em um único sinal, economizando tempo e facilitando a comunicação. Ao entender os diferentes tipos de morfemas e os processos morfológicos envolvidos, conseguimos decodificar a estrutura interna dos sinais e compreender as nuances de significado que eles carregam.

O estudo da morfologia da Libras é fundamental não só para a formação de intérpretes e professores, mas também para linguistas, pesquisadores e todos aqueles interessados em compreender a complexidade e a beleza desta língua tão expressiva e visual. A contínua pesquisa nessa área contribui para a valorização e o aprimoramento do ensino e da utilização da Libras em todos os contextos sociais.