O que é um aluno problemático?

Desvendando o Rótulo: Além do “Aluno Problemático”

Frequentemente, ouvimos falar do “aluno problemático”. A expressão, carregada de estigma, ecoa pelos corredores das escolas, simplificando realidades complexas e rotulando crianças e adolescentes que, na verdade, enfrentam desafios específicos. Mas o que se esconde por trás desse rótulo tão generalista? Será que existe de fato um “aluno problemático” ou estamos diante de estudantes com dificuldades que precisam ser compreendidas e atendidas?

Este artigo propõe ir além da superficialidade do termo, buscando desconstruir a ideia de um aluno inerentemente problemático e, em seu lugar, apresentar uma visão mais humanizada e contextualizada das dificuldades que alguns estudantes enfrentam no ambiente escolar.

Como mencionado, o aluno com dificuldades pode apresentar obstáculos psico-pedagógicos de diferentes naturezas. Distúrbios de aprendizagem, como a dislexia, discalculia e disgrafia, impactam diretamente a capacidade de aprender, processar informações e expressar conhecimento. Um aluno disléxico, por exemplo, pode ter dificuldades na leitura e escrita, sendo erroneamente classificado como desatento ou preguiçoso. Da mesma forma, a discalculia pode levar a dificuldades na compreensão de conceitos matemáticos, gerando frustração e, consequentemente, comportamentos que podem ser interpretados como indisciplina.

Além dos distúrbios de aprendizagem, fatores emocionais, sociais e familiares também influenciam o comportamento e o desempenho escolar. Ansiedade, depressão, bullying, conflitos familiares e problemas socioeconômicos podem se manifestar na escola através de comportamentos desafiadores, como agressividade, isolamento, apatia ou desinteresse. Nesses casos, rotular o aluno como “problemático” mascara a real causa do problema, dificultando a busca por soluções efetivas.

É fundamental entender que, muitas vezes, o comportamento considerado “problemático” é uma forma de comunicação. A criança ou adolescente pode estar expressando, através de suas atitudes, uma necessidade não atendida, uma dificuldade em lidar com suas emoções ou um pedido de ajuda.

Portanto, em vez de estigmatizar, a escola precisa acolher, investigar e compreender as raízes das dificuldades apresentadas pelos alunos. Um olhar atento e individualizado, aliado a uma escuta sensível, permitirá identificar as necessidades específicas de cada estudante, possibilitando a construção de estratégias pedagógicas e intervenções adequadas.

Investir em formação continuada para os professores, promover a integração entre escola, família e profissionais da saúde, e criar um ambiente escolar inclusivo e acolhedor são passos essenciais para superar a lógica do “aluno problemático” e construir uma educação que valorize a individualidade e o potencial de cada estudante. Afinal, o desafio não está em lidar com alunos problemáticos, mas em construir uma escola capaz de acolher e promover o desenvolvimento integral de todos os seus alunos, com suas particularidades e desafios.