O que é um morfema em Libras?

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Em Libras (Língua Brasileira de Sinais), um morfema é a unidade mínima de significado que não pode ser dividida em partes menores com significado. Os morfemas em Libras são gestos que representam conceitos específicos e podem ser combinados para formar sinais mais complexos.
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A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua rica e complexa, com sua própria gramática e estrutura. Assim como as línguas orais, ela possui unidades mínimas de significado, chamadas morfemas. Compreender o que são e como funcionam os morfemas em Libras é fundamental para entender a profundidade e a riqueza dessa língua visual-espacial.

Em Libras, um morfema é a menor unidade com significado. Ele não pode ser dividido em partes menores que ainda carreguem sentido. Pense, por exemplo, no sinal de APRENDER. Ele é composto por um movimento da mão em direção à testa, simbolizando a absorção do conhecimento. Esse sinal, por si só, já carrega um significado completo e indivisível. Se tentarmos decompô-lo em movimentos menores, como apenas o movimento da mão ou apenas o contato com a testa, perdemos o significado de aprender. Portanto, APRENDER é um morfema em Libras.

Os morfemas em Libras podem ser classificados de diferentes maneiras. Uma das classificações mais comuns é a divisão em morfemas lexicais e gramaticais. Os morfemas lexicais carregam o significado principal do sinal, como substantivos, verbos e adjetivos. Já os morfemas gramaticais adicionam informações gramaticais, como tempo, aspecto, número e pessoa. Por exemplo, o sinal de ESTUDAR pode ser modificado pela adição de um movimento repetitivo para indicar a ação contínua de estar estudando. Esse movimento repetitivo é um morfema gramatical que modifica o significado do morfema lexical ESTUDAR.

Outra classificação importante é a distinção entre morfemas livres e ligados. Morfemas livres são aqueles que podem aparecer sozinhos, como o sinal de CASA. Já os morfemas ligados precisam se combinar com outros morfemas para ter significado. Um exemplo disso são os classificadores, que representam características de objetos, pessoas ou animais. Os classificadores são morfemas ligados, pois precisam se conectar a um verbo para expressar ações específicas. Por exemplo, para sinalizar carro descendo a ladeira, utiliza-se um classificador que representa o carro em movimento descendente. O classificador, sozinho, não carrega o significado completo, precisando do verbo para contextualizar a ação.

A incorporação de informações gramaticais nos sinais, como tempo, aspecto e número, é outro aspecto fascinante dos morfemas em Libras. A mudança na velocidade, na direção ou na intensidade do movimento, bem como a expressão facial e corporal, pode modificar o significado do sinal. Por exemplo, o sinal de CHOVER pode ser intensificado para indicar uma chuva forte ou realizado de forma mais lenta para representar uma garoa. Essas nuances são expressas por meio de morfemas gramaticais que se integram ao sinal base.

Compreender os morfemas em Libras é essencial para a fluência e a precisão na comunicação. A análise morfológica permite desvendar a estrutura interna dos sinais, identificando as unidades mínimas de significado e como elas se combinam para formar mensagens complexas. Esse conhecimento contribui para uma aprendizagem mais profunda da língua, permitindo aos usuários de Libras não apenas se comunicarem, mas também entenderem a complexidade e a riqueza da estrutura dessa língua visual-espacial. A exploração contínua da morfologia em Libras é crucial para o desenvolvimento de materiais didáticos, dicionários e recursos que promovam o acesso e a valorização dessa língua tão importante para a comunidade surda.