O que quer dizer a palavra inclusa?

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Inclusa significa algo que está contido, inserido ou abrangido em outra coisa. Equivale a incluído, embora o uso de inclusa seja preferencial para o feminino. Atualmente, observa-se uma tendência crescente do uso do gênero masculino incluído como universal, simplificando a concordância nominal. Independentemente da forma, a ideia central é de integração ou pertencimento a um todo.
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A palavra inclusa e a sutil batalha de gênero na língua portuguesa

A palavra inclusa evoca a imagem de algo contido, inserido, parte integrante de um conjunto maior. Significa, portanto, exatamente o mesmo que incluído, com a diferença crucial de gênero: inclusa é o feminino de incluído. A sua utilização, portanto, se adequa a substantivos femininos, garantindo a concordância nominal correta. Uma lista de itens, por exemplo, poderia conter mercadorias inclusas no valor final, enquanto um conjunto de serviços poderia apresentar taxas inclusas no pacote. A precisão gramatical, nesse caso, é inquestionável.

No entanto, a língua portuguesa, como um organismo vivo e dinâmico, está em constante transformação. Observamos atualmente uma tendência crescente à simplificação da concordância nominal, com o uso do masculino (incluído) como forma universal, aplicável tanto a substantivos masculinos quanto femininos. Essa prática, embora contestada por alguns puristas da gramática, reflete uma busca por praticidade e economia de linguagem, especialmente em contextos informais ou em textos mais extensos onde a repetição de formas femininas e masculinas poderia tornar a leitura cansativa e até mesmo redundante.

Essa mudança de paradigma levanta importantes questionamentos sobre a preservação da norma culta e a adaptação da linguagem às necessidades comunicativas da sociedade moderna. A priorização da clareza e da concisão em detrimento da rigidez gramatical é um debate que permeia a linguística contemporânea, e o caso de inclusa versus incluído exemplifica perfeitamente essa tensão.

A questão da inclusão, ironicamente, também se manifesta na própria discussão sobre a inclusão de gêneros na língua. Ao optar pelo uso de incluído como forma universal, corre-se o risco de invisibilizar o feminino, de subentender que a inclusão é sempre e apenas masculina. Por outro lado, a insistência na forma feminina inclusa em todos os casos pode parecer pedante ou artificial para alguns leitores, especialmente em textos que priorizam a fluidez da leitura.

O ideal, portanto, reside num equilíbrio entre a precisão gramatical e a clareza comunicativa. A escolha entre inclusa e incluído depende do contexto, do público-alvo e do objetivo do texto. Em textos formais e acadêmicos, a concordância nominal rigorosa, com o uso de inclusa para substantivos femininos, é preferível. Já em contextos mais informais, o uso de incluído como forma universal pode ser perfeitamente aceitável, desde que a clareza e a compreensão do leitor não sejam comprometidas. Em suma, a palavra inclusa, apesar das tendências simplificadoras da linguagem contemporânea, continua a ter seu lugar na língua portuguesa, representando um legado de precisão gramatical e uma oportunidade para refletir sobre a dinâmica e a evolução da nossa forma de comunicação. A escolha consciente e contextualizada da forma verbal é, portanto, crucial para uma comunicação eficaz e respeitosa com a riqueza e a complexidade da nossa língua.