O que são palavras sobrecomuns?

Palavras Sobrecomuns: Um Gênero Neutro na Língua Portuguesa

A língua portuguesa, rica em nuances e possibilidades expressivas, apresenta diversas classes de palavras com particularidades interessantes. Entre elas, destacam-se os substantivos sobrecomuns, que representam um caso único de neutralidade de gênero. Diferentemente dos substantivos comuns de dois gêneros (como “artista” ou “estudante”), que possuem variações de gênero (masculino e feminino), e dos substantivos próprios (que geralmente já carregam a indicação de gênero em sua construção), os substantivos sobrecomuns designam seres de ambos os sexos com uma única forma, sem distinção gramatical.

A característica fundamental que define um substantivo sobrecomum é a ausência de variação morfológica para indicar o gênero. Independentemente de se referir a um homem ou a uma mulher, a palavra permanece inalterada. Observe a diferença: “o/a estudante” (comum de dois gêneros) versus “a criatura” (sobrecomum). Em “a criatura”, o artigo definido “a” apenas indica o gênero do referente na frase, sem modificar a forma do substantivo. A própria palavra “criatura” não sofre alteração para indicar se se trata de um homem ou uma mulher.

A flexão de número, ou seja, a mudança da palavra para o plural, é a única variação possível. Assim, “criatura” se torna “criaturas”, mantendo a neutralidade de gênero. Isso diferencia os substantivos sobrecomuns dos epicenos, que, apesar de também possuírem uma única forma, utilizam-se de artigos e adjetivos para indicar o sexo. Por exemplo, em “a onça feroz” ou “o onça feroz”, o substantivo “onça” permanece inalterado, mas o artigo define seu gênero.

A lista de substantivos sobrecomuns é relativamente pequena, mas inclui exemplos importantes como:

• Criatura: Ser vivo, pessoa.
• Indivíduo: Pessoa singular.
• Vítima: Pessoa que sofre dano ou prejuízo.
• Colega: Companheiro.
• Pessoa: Ser humano.
• Alma: Espírito.

A utilização de substantivos sobrecomuns contribui para uma linguagem mais inclusiva, especialmente em contextos em que o gênero do referente é irrelevante ou desconhecido. A ênfase recai na condição ou característica do ser em si, independentemente de sua identidade de gênero. No entanto, a escolha da palavra adequada dependerá sempre do contexto e da intenção comunicativa, demandando uma análise cuidadosa para evitar ambiguidades.

Compreender a categoria dos substantivos sobrecomuns amplia nossa percepção da riqueza e complexidade da língua portuguesa, demonstrando a flexibilidade e capacidade de adaptação da linguagem às necessidades comunicativas de uma sociedade em constante evolução. A neutralidade de gênero expressa por esses substantivos aponta para um caminho de maior inclusão e respeito à diversidade.