O que significa língua de sinais?

Além dos Gestos: Desvendando a Profundidade das Línguas de Sinais

Comumente associadas a gestos simples, as línguas de sinais são muito mais do que uma forma de comunicação alternativa. Elas representam sistemas linguísticos complexos e completos, com sua própria gramática, sintaxe e semântica, desenvolvidos organicamente pelas comunidades surdas ao redor do mundo. A afirmação de que são “apenas gestos” demonstra um profundo desconhecimento da riqueza e da sofisticação inerente a essas línguas.

A concepção equivocada das línguas de sinais como um conjunto de gestos isolados decorre, em grande parte, da falta de contato e compreensão da comunidade surda e de sua cultura. A percepção de que se trata de uma forma de “tradução visual” da língua oral também contribui para essa distorção. Na realidade, as línguas de sinais possuem estruturas gramaticais próprias, frequentemente distintas das línguas orais correspondentes de uma mesma região geográfica. A ordem das palavras, a concordância verbal e a flexão dos verbos, por exemplo, podem variar significativamente.

A produção da língua de sinais envolve uma intrincada combinação de movimentos das mãos, expressões faciais, movimentos do corpo e da cabeça. Cada elemento desempenha um papel crucial na construção do significado. As expressões faciais, por exemplo, não são apenas complementos emocionais, mas marcadores gramaticais essenciais, modificando o significado de uma frase ou palavra. Um mesmo sinal pode ter diferentes interpretações dependendo da expressão facial que o acompanha, demonstrando a complexidade da sua estrutura sintática.

A diversidade das línguas de sinais é tão vasta quanto a das línguas orais. Não existe uma única “língua de sinais universal”. A Língua Brasileira de Sinais (Libras), por exemplo, difere significativamente da American Sign Language (ASL) ou da Langue des Signes Française (LSF). Cada língua de sinais reflete a história, a cultura e as experiências da comunidade surda que a desenvolveu e utiliza.

Reconhecer as línguas de sinais como sistemas linguísticos completos e autônomos é crucial para a inclusão social da comunidade surda. Isso implica em garantir o acesso à educação bilíngue (língua de sinais e língua oral), em promover a interpretação de qualidade e em valorizar a riqueza cultural representada por essas línguas. Somente assim poderemos transcender a visão limitada e equivocada de que as línguas de sinais são simplesmente gestos, e compreender sua verdadeira profundidade e importância.