Qual a maior dificuldade do surdo no processo de alfabetização?

11 visualizações

A principal dificuldade dos alunos surdos na alfabetização inicial reside na apropriação do sistema de escrita alfabética (SEA). Como o SEA é baseado no som, os alunos surdos, que não têm acesso à linguagem oral da mesma forma que os ouvintes, enfrentam um desafio adicional nesse processo.

Feedback 0 curtidas

A Jornada da Alfabetização: Desafios e Triunfos na Educação de Surdos

A alfabetização é um marco fundamental na vida de qualquer pessoa, abrindo portas para o conhecimento, a comunicação e a participação social. Para os alunos surdos, essa jornada apresenta desafios únicos e complexos, que exigem uma abordagem educacional específica e sensível às suas necessidades.

A principal barreira que os alunos surdos enfrentam na alfabetização inicial reside na apropriação do sistema de escrita alfabética (SEA). Diferentemente dos alunos ouvintes, que aprendem a ler e escrever por meio da fala e da conexão direta entre som e letra, os surdos se deparam com um sistema que, à primeira vista, parece arbitrário e desconectado de sua experiência linguística.

Imagine um mundo onde a linguagem se manifesta por meio de gestos, expressões faciais e sinais, um mundo onde o som não é a chave para a comunicação. Essa é a realidade dos surdos, que se comunicam através da Língua Brasileira de Sinais (Libras), uma linguagem visual-espacial rica e complexa.

A dificuldade em compreender o SEA se torna ainda mais evidente quando consideramos a ausência de uma base fonológica sólida. A criança surda não teve contato com a fala desde o nascimento, e, portanto, não possui o repertório de sons e fonemas que os ouvintes naturalmente internalizam. Essa ausência pode dificultar a compreensão da relação entre as letras e os sons que elas representam.

Mas o caminho para a alfabetização dos surdos não é apenas uma via de obstáculos. A persistência, a criatividade e a utilização de recursos pedagógicos adequados são elementos cruciais para o sucesso nesse processo.

O ensino bilíngue, que combina a Libras com a Língua Portuguesa, se torna um aliado fundamental nesse contexto. A Libras, linguagem natural dos surdos, garante um ponto de partida sólido para o desenvolvimento da linguagem e da cognição. A partir dela, o aluno pode construir pontes para o aprendizado do português escrito, compreendendo as relações entre os sistemas de escrita e a linguagem que lhe é familiar.

Além disso, é crucial que o processo de alfabetização seja visual, interativo e significativo para os alunos surdos. A utilização de recursos visuais, como imagens, vídeos e jogos, a participação ativa em atividades práticas e a contextualização do aprendizado dentro de experiências reais são ferramentas importantes para garantir que o aprendizado seja prazeroso e eficaz.

Outro ponto crucial é a formação de professores qualificados, que dominem a Libras e compreendam as nuances da aprendizagem dos alunos surdos. O papel do professor é fundamental para criar um ambiente inclusivo, acolhedor e estimulante, que promova a autonomia e a autoconfiança dos alunos.

Em suma, a alfabetização de alunos surdos demanda atenção, dedicação e uma abordagem educacional que leve em conta as suas particularidades. É necessário superar a barreira do sistema de escrita alfabética, buscando caminhos que conectem a linguagem visual dos surdos com a linguagem escrita, garantindo assim o acesso à informação e ao conhecimento.

O desafio é grande, mas com a união de esforços entre educadores, pais, alunos e comunidade, a jornada da alfabetização para os surdos se torna um caminho de descobertas, conquistas e empoderamento, abrindo portas para um futuro de oportunidades e realizações.