Quantas e quais são as estações?

Além das Quatro Estações: Uma Exploração da Variabilidade Climática

A afirmação de que existem quatro estações – primavera, verão, outono e inverno – é uma simplificação útil, mas incompleta. Embora essa divisão seja amplamente aceita em muitas regiões do globo e sirva como base para o nosso entendimento do ciclo anual, a realidade climática é muito mais complexa e apresenta variações significativas dependendo da localização geográfica.

O modelo das quatro estações, baseado nos equinócios e solstícios, resulta da inclinação do eixo terrestre em relação ao plano da sua órbita em torno do Sol. Essa inclinação determina a variação na insolação (quantidade de radiação solar recebida) ao longo do ano, gerando diferenças na temperatura e na duração do dia. Porém, essa variação não é uniforme globalmente.

Em regiões próximas ao Equador, por exemplo, a variação de temperatura ao longo do ano é mínima, e a distinção entre as estações é muito sutil, muitas vezes se reduzindo a uma estação chuvosa e uma estação seca. Já em regiões de altas latitudes, como os polos, a diferença entre o verão e o inverno é drástica, com períodos de luz solar contínua (sol da meia-noite) no verão e escuridão prolongada no inverno. Nesses casos, falar em “quatro estações” pode ser inadequado, ou no mínimo, requer uma interpretação muito mais flexível.

Além da latitude, outros fatores influenciam a definição das estações, como a altitude, a proximidade com grandes massas de água e a topografia. A presença de correntes marítimas, por exemplo, pode moderar as temperaturas em regiões costeiras, atenuando a diferença entre as estações. Já em regiões montanhosas, a variação de temperatura pode ser muito acentuada mesmo em pequenas distâncias, criando microclimas com características sazonais distintas.

Alguns sistemas de classificação climática, como a classificação de Köppen-Geiger, reconhecem mais do que quatro estações ou utilizam critérios diferentes para definir as estações, levando em conta aspectos como a precipitação e a temperatura média. Desse modo, a divisão em quatro estações, apesar de sua utilidade prática, representa uma simplificação da complexidade dos sistemas climáticos da Terra. Uma compreensão mais abrangente exige considerar a diversidade de climas existentes e as nuances da variação climática ao longo do ano em diferentes regiões do planeta. A percepção das “estações” é, portanto, uma construção cultural e geográfica, mais do que uma realidade climática universal.