Quem define as normas da língua portuguesa?

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No contexto português, a Academia das Ciências de Lisboa exerce papel de referência na definição e indicação das normas da língua, embora sua autoridade não seja exclusivamente normativa nem de caráter legal. Diversas entidades e instituições contribuem para a evolução e o uso da língua, influenciando seu desenvolvimento e padronização.

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A Dança da Língua: Quem dita os passos do português?

É comum ouvirmos que a gramática é a dona da língua, ditando regras e punindo os falantes rebeldes. Mas, na realidade, a dinâmica da linguagem é muito mais complexa e fascinante do que um simples manual de instruções. No caso do português, a pergunta “Quem define as normas?” nos leva a uma verdadeira coreografia de forças, com diferentes atores que influenciam e moldam o idioma.

De fato, a Academia das Ciências de Lisboa, fundada em 1779, ocupa um lugar de destaque nesse palco. Herdeira da tradição lusitana de estudo da língua, a Academia se dedica a pesquisar, documentar e divulgar o português, publicando obras de referência como o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Sua voz, sem dúvida, ecoa com autoridade no debate sobre o idioma.

Contudo, seria simplista afirmar que a Academia detém o poder absoluto sobre a língua. Diferentemente de outras línguas, como o francês com sua Académie Française, o português não possui um órgão regulador único com poder normativo legal. A Academia atua mais como um farol, guiando os falantes com base em estudos e tradição, mas sem impor suas normas como lei.

Nesse sentido, a dança da língua portuguesa conta com outros parceiros. Universidades, centros de pesquisa linguística e autores de livros didáticos também desempenham papéis importantes. Suas pesquisas e publicações ajudam a consolidar normas, analisar as variações linguísticas e propor novos entendimentos sobre o funcionamento do idioma.

E não podemos esquecer do principal protagonista dessa dança: o próprio falante. É no uso cotidiano, nas ruas, nas artes e na internet que a língua se transforma e se reinventa. A criatividade do falante, expressa em novas gírias, regionalismos e até mesmo “erros” gramaticais, alimenta a dinâmica da língua, mostrando que ela não é estática, mas sim um organismo vivo em constante mutação.

Nesse contexto, a norma linguística se apresenta como um consenso em movimento, um conjunto de regras e convenções que se moldam a partir da influência mútua entre a tradição acadêmica, a pesquisa linguística e o uso real da língua pelos falantes.

Portanto, afirmar que existe um único maestro regendo a orquestra do português seria negar a riqueza e a complexidade da nossa língua. As normas, mais do que regras imutáveis, são como diretrizes que evoluem no ritmo da dança, guiadas por diferentes atores e impulsionadas pela força criativa de seus falantes. Afinal, a beleza do português reside justamente nessa dinâmica, nessa capacidade de se adaptar e se reinventar a cada passo, em um movimento contínuo de aprendizado e descoberta.