Qual é a palavra usada somente no plural?

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Existem palavras em português que só existem no plural, como anais, antolhos, arredores, cãs, condolências, exéquias, fezes, núpcias, óculos, olheiras, pêsames e víveres.

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Palavras que só existem no plural: um mergulho nas particularidades do português

O português, como qualquer língua viva, possui suas peculiaridades e exceções que enriquecem sua complexidade. Uma dessas singularidades reside nas palavras que existem apenas no plural, conhecidas como pluralia tantum. Embora frequentemente citadas em listas (como anais, arredores, cãs, condolências, exéquias, fezes, núpcias, óculos, olheiras, pêsames e víveres), a questão da exclusividade do plural merece um olhar mais atento, indo além da simples enumeração.

A classificação de uma palavra como plurale tantum não é tão rígida quanto parece. A imutabilidade no número, muitas vezes, está ligada ao contexto semântico e à própria evolução da língua. Por exemplo, “óculos” raramente aparece no singular (“óculo”), mas este existe e se refere a um compartimento arquitetônico ou a uma abertura circular. O mesmo ocorre com “fezes”, cujo singular (“fez”) é utilizado em contextos médicos e científicos para descrever o resíduo da digestão de um único indivíduo. “Núpcias”, por sua vez, evoca a ideia da união matrimonial, intrinsecamente plural, mas o singular (“núpcia”) pode ser encontrado em textos literários com um sentido mais poético.

Portanto, mais do que uma lista definitiva, é preciso entender a dinâmica dessas palavras. A aparente restrição ao plural reflete, em muitos casos, uma especialização semântica. “Arredores”, por exemplo, denota a pluralidade de áreas circundantes a um local. “Cãs”, por sua vez, representa a multiplicidade dos fios de cabelo brancos. Já “víveres” se refere à variedade de mantimentos necessários à subsistência.

Além disso, algumas palavras tradicionalmente listadas como pluralia tantum vêm ampliando seu uso no singular, impulsionadas por mudanças no uso da língua. “Olheira”, por exemplo, já aparece com certa frequência no singular, principalmente na linguagem informal, para se referir a uma única marca escura sob os olhos.

Em resumo, a noção de palavras existentes apenas no plural em português é mais complexa do que uma simples lista fechada. A análise do contexto semântico e da evolução da língua demonstra que a exclusividade do plural é, muitas vezes, uma questão de uso e de especialização de significado. A língua é um organismo vivo em constante transformação, e o que hoje consideramos estritamente plural pode, no futuro, apresentar formas singulares mais frequentes e aceitas. Portanto, em vez de decorar uma lista, é fundamental compreender a dinâmica por trás do uso dessas palavras, observando como o significado se relaciona com a flexão de número.