Como saber se a criança tem apraxia na fala?

Apraxia de Fala na Infância: Desvendando os Sinais e Buscando Apoio

A Apraxia de Fala na Infância (AFI) é um transtorno complexo que afeta a habilidade da criança de planejar e coordenar os movimentos da boca, língua e mandíbula necessários para produzir a fala. Não é uma fraqueza muscular, mas sim uma dificuldade no “software” do cérebro que organiza os sons. Imagine um maestro que não consegue organizar os músicos para tocarem a melodia correta: algo parecido acontece no cérebro da criança com AFI.

Embora existam informações disponíveis online sobre a Apraxia de Fala, o objetivo deste artigo é aprofundar na identificação dos sinais sutis, diferenciar a AFI de outros distúrbios da fala e oferecer um guia para pais e cuidadores que suspeitam que seus filhos possam ter essa condição.

Mais do que Atraso na Fala: Identificando Sinais de Alerta

É importante ressaltar que nem todo atraso na fala indica Apraxia de Fala. No entanto, alguns sinais, especialmente quando combinados, podem levantar a suspeita e justificar uma avaliação profissional:

• Inconsistência: A criança pode pronunciar uma palavra corretamente em um momento e, logo em seguida, errá-la completamente, mesmo sendo uma palavra simples.
• Dificuldade em sequenciar sons: Dificuldade em colocar os sons na ordem correta para formar palavras. Por exemplo, em vez de “bola”, dizer “loba” ou “balo”.
• Esforço visível na fala: A criança pode parecer estar “lutando” para falar, demonstrando tensão facial e movimentos exagerados da boca.
• Tateamento oral: A criança pode mover a língua e os lábios várias vezes antes de conseguir emitir o som correto.
• Imitação imprecisa: Dificuldade em imitar sons e palavras, mesmo quando repetidas várias vezes.
• Melhor compreensão do que expressão: A criança pode entender o que lhe é dito, mas tem dificuldade em expressar seus pensamentos e necessidades verbalmente.
• Limitação no vocabulário: O vocabulário pode ser restrito para a idade da criança, e novas palavras são aprendidas com muita dificuldade.
• Histórico de dificuldades alimentares: Em alguns casos, crianças com AFI podem ter apresentado dificuldades para sugar, mastigar ou engolir quando bebês.
• Dificuldade com palavras longas: Palavras mais longas e complexas são significativamente mais difíceis de pronunciar do que palavras curtas e simples.
• Omissão ou substituição de sons: A criança pode omitir sons (ex: “ato” em vez de “rato”) ou substituir um som por outro (ex: “tela” em vez de “vela”).

Diferenciando a AFI de Outros Distúrbios da Fala

É crucial diferenciar a AFI de outros distúrbios da fala, como:

• Atraso na Fala: Um atraso geral no desenvolvimento da linguagem, onde a criança simplesmente está aprendendo a falar em um ritmo mais lento.
• Distúrbios Articulatórios (Trocas na Fala): Dificuldades na produção de sons específicos, como “r” ou “s”, mas com planejamento motor relativamente preservado.
• Disfonia (Alteração na Voz): Problemas com a qualidade da voz, como rouquidão ou voz soprosa.
• Disartria: Dificuldade na fala devido a fraqueza ou paralisia dos músculos da fala. A Disartria, ao contrário da Apraxia, afeta a força e o controle muscular, enquanto a AFI afeta o planejamento e a coordenação dos movimentos.

O Próximo Passo: Busca por Avaliação e Intervenção

Se você suspeitar que seu filho possa ter Apraxia de Fala, o primeiro passo é procurar um fonoaudiólogo especializado em distúrbios da fala infantil. O fonoaudiólogo realizará uma avaliação completa para determinar se a criança tem AFI e, em caso positivo, qual a gravidade do transtorno.

A intervenção para AFI geralmente envolve terapia fonoaudiológica intensiva e individualizada, focada em:

• Planejamento motor da fala: Exercícios para ajudar a criança a planejar e sequenciar os movimentos necessários para produzir os sons da fala.
• Produção de sons e sílabas: Prática repetitiva de sons, sílabas e palavras, começando com os mais fáceis e progredindo gradualmente para os mais complexos.
• Comunicação funcional: Estratégias para melhorar a comunicação da criança, mesmo que a fala ainda não seja totalmente clara.
• Envolvimento familiar: Orientação para pais e cuidadores sobre como apoiar a criança em casa e praticar os exercícios de terapia.

Importante: O diagnóstico precoce e a intervenção intensiva são fundamentais para melhorar a comunicação e a qualidade de vida da criança com Apraxia de Fala.

Conclusão

A Apraxia de Fala na Infância pode ser um desafio, mas com o diagnóstico correto, terapia fonoaudiológica especializada e o apoio da família, as crianças com AFI podem aprender a se comunicar de forma eficaz e alcançar seu pleno potencial. Ao reconhecer os sinais de alerta e buscar ajuda profissional o mais cedo possível, você estará dando ao seu filho a melhor chance de sucesso. Não hesite em procurar orientação; cada pequeno progresso é uma vitória na jornada da comunicação!