O que fazia a balestilha?

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A balestilha, usada no final do século XV, media a altura dos astros. Era formada por duas varas deslizantes, uma perpendicular à outra.

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A Balestilha: Uma Ferramenta Esquecida para Medir a Altura dos Astros

A astronomia, antes da era dos telescópios e softwares sofisticados, dependia de instrumentos engenhosos e precisão manual. Entre esses instrumentos, destaca-se a balestilha, uma ferramenta relativamente simples, mas eficaz para a sua época, o final do século XV. Diferente dos astrolábios mais complexos, a balestilha oferecia uma maneira prática de determinar a altura angular de um astro no céu, um dado fundamental para diversas aplicações náuticas e astronômicas.

A sua construção, embora simples em conceito, exigia precisão na execução. Consistia basicamente em duas varas delgadas, usualmente de madeira, articuladas perpendicularmente. Uma vara, a vertical, servia como referência, enquanto a outra, a horizontal, deslizava ao longo da primeira. Em cada extremidade da vara horizontal, havia pequenas miras, ou pinholes, que permitiam ao observador alinhar a balestilha com o astro desejado.

A medida era obtida através da manipulação da vara horizontal. O observador, posicionando-se com a vara vertical na vertical, ajustava a vara horizontal até que o astro fosse visualizado através das miras. A altura angular do astro era então determinada pela posição da vara horizontal na vara vertical, geralmente marcada com uma escala graduada. Essa escala, cuidadosamente calibrada, traduzia a posição relativa das varas em graus de elevação.

A praticidade da balestilha residia na sua portabilidade e na simplicidade de uso, tornando-a ideal para observações a céu aberto, em situações onde instrumentos mais complexos seriam impraticáveis. Sua utilização era particularmente importante na navegação marítima. Determinando a altura do Sol ou de estrelas conhecidas, os navegadores podiam calcular a sua latitude, um dado crucial para a orientação e navegação em alto-mar. Em terra, a balestilha também encontrava aplicações na astronomia observacional, auxiliando na determinação de posições estelares e na construção de mapas celestes rudimentares.

Embora substituída por instrumentos mais precisos ao longo dos séculos seguintes, a balestilha representa um elo importante na história da instrumentação astronômica. Sua simplicidade de design, aliada à sua efetividade para a medida de alturas angulares, demonstra a engenhosidade dos instrumentos astronômicos desenvolvidos antes da revolução científica, e serve como um testemunho da busca incessante do homem por compreender e mapear o cosmos. A balestilha, portanto, é mais que um instrumento de medida; é um símbolo da evolução das ferramentas científicas e da contínua busca pela precisão na observação astronômica.