Quais são as atitudes de uma pessoa com demência?

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Pacientes com demência frequentemente apresentam comportamentos desafiadores, como agitação, gritaria, violência física, e recusa a tratamentos. Essas atitudes, incluindo perambulação e insônia, contribuem para internações e afetam a equipe de saúde.

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O Comportamento Desafiador na Demência: Compreendendo as Manifestações e o Impacto nos Cuidados

A demência, um conjunto de sintomas que afetam a memória, o pensamento e o comportamento, impacta significativamente não apenas a pessoa afetada, mas também seus familiares e cuidadores. Além das dificuldades cognitivas amplamente conhecidas, um aspecto crucial e frequentemente desafiador para quem convive com um paciente com demência é o espectro de comportamentos que podem surgir. Esses comportamentos, muitas vezes mal compreendidos, vão além de simples esquecimentos e podem incluir uma gama de manifestações que impactam diretamente a qualidade de vida do indivíduo e de seu círculo próximo.

Em vez de focar em uma lista exaustiva de comportamentos – já amplamente disponíveis na internet –, este artigo se concentrará na compreensão contextualizada dessas atitudes, explorando suas possíveis raízes e o impacto que têm na dinâmica dos cuidados. A agitação, a gritaria, a violência física, a recusa de tratamentos, a perambulação noturna e a insônia, citados com frequência, não são simples “mau comportamento”, mas frequentemente sintomas de uma condição neurológica complexa.

Desvendando as Causas Subjacentes:

Um comportamento aparentemente agressivo, como a gritaria, pode ser uma resposta à frustração causada pela perda de memória ou pela dificuldade em comunicar uma necessidade básica. A perambulação, por exemplo, pode ser um reflexo da desorientação espacial ou mesmo uma manifestação de inquietação interna. A recusa em tomar medicamentos pode ser resultado de desconfiança, medo ou simplesmente incapacidade de compreender a instrução.

É fundamental entender que a pessoa com demência não está agindo “de propósito”. Sua capacidade de controlar impulsos e emoções está comprometida, e o comportamento é uma expressão, muitas vezes distorcida, de seus sentimentos e necessidades. Identificar os gatilhos desses comportamentos – fome, sede, dor, medo, cansaço, estimulação sensorial excessiva ou até mesmo o simples desconforto de uma roupa – é crucial para desenvolver estratégias de manejo eficazes.

O Impacto nos Cuidados:

Os comportamentos desafiadores na demência exercem um peso significativo sobre a equipe de saúde e os cuidadores. A exigência emocional e física é enorme, contribuindo para o estresse, a exaustão e o risco de burnout. Internações hospitalares, muitas vezes necessárias para garantir a segurança do paciente ou para oferecer suporte temporário aos cuidadores, representam um impacto adicional, tanto emocional quanto financeiro.

Caminhos para o Manejo:

O manejo desses comportamentos requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e, fundamentalmente, a família e os cuidadores. Estratégias não-farmacológicas, como a criação de um ambiente seguro e estimulante, a implementação de rotinas regulares, a comunicação clara e paciente, a terapia de realidade orientada e a utilização de técnicas de redução de estímulos sensoriais, são fundamentais. A medicação, quando necessária, deve ser utilizada como último recurso e sempre sob orientação médica.

Em conclusão, compreender as nuances do comportamento desafiador na demência é essencial para oferecer cuidados mais eficazes e humanizados. Trata-se de olhar para além da superfície, buscando entender as causas subjacentes e adotar estratégias que promovam a segurança, a dignidade e o bem-estar do indivíduo, aliviando também a carga sobre seus cuidadores. A chave reside na empatia, na paciência e na busca constante por um conhecimento profundo da condição e de suas múltiplas manifestações.