Quais são as doenças mentais mais comuns em Portugal?

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De acordo com o relatório Health at a Glance 2018, Portugal ocupa uma posição preocupante no cenário europeu, figurando como o quinto país com maior incidência de transtornos mentais. Dentre as condições mais prevalentes, destacam-se a depressão e a ansiedade, que afetam significativamente a qualidade de vida da população portuguesa.

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O Lado Sombrio da Saúde Mental em Portugal: Uma Análise das Doenças Mais Comuns e Seus Impactos

Portugal, terra de fado e paisagens deslumbrantes, enfrenta um desafio silencioso e crescente: a prevalência de doenças mentais. De acordo com o relatório “Health at a Glance 2018”, o país ocupa a 5ª posição na Europa em número de pessoas afetadas por transtornos mentais, um dado alarmante que exige uma análise mais profunda e uma ação urgente. Longe de generalizações, este artigo busca desmistificar as doenças mentais mais comuns em Portugal, explorando suas particularidades e os impactos que exercem na vida dos portugueses.

Depressão e Ansiedade: A Dupla que Assola Portugal

O relatório Health at a Glance 2018 acertadamente destaca a depressão e a ansiedade como as principais preocupações em relação à saúde mental em Portugal. No entanto, a complexidade dessas condições vai além de um simples diagnóstico.

  • Depressão: A depressão em Portugal se manifesta de diversas formas, desde a depressão unipolar (transtorno depressivo maior) até a depressão persistente (distimia). As causas são multifacetadas, englobando fatores genéticos, biológicos, ambientais e sociais. O isolamento social, a crise econômica que afetou o país nos últimos anos e a pressão por resultados podem contribuir para o aumento da incidência da depressão. É crucial destacar que a depressão não é sinônimo de tristeza passageira. Ela se caracteriza por um estado de humor deprimido persistente, perda de interesse ou prazer em atividades, fadiga, alterações no sono e no apetite, e, em casos graves, ideação suicida. A falta de acesso a serviços de saúde mental adequados e o estigma associado à doença muitas vezes impedem que os indivíduos busquem ajuda.

  • Ansiedade: A ansiedade, por sua vez, engloba uma gama de transtornos, incluindo o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), o transtorno do pânico, as fobias sociais e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Em Portugal, a ansiedade pode estar relacionada à incerteza econômica, ao desemprego, às pressões no trabalho e à falta de perspectivas futuras, especialmente entre os jovens. O TAG se caracteriza por preocupações excessivas e persistentes sobre diversos aspectos da vida, enquanto o transtorno do pânico envolve crises súbitas de medo intenso, acompanhadas de sintomas físicos como palpitações, sudorese e falta de ar. As fobias sociais, por sua vez, levam ao medo intenso de situações sociais, enquanto o TOC se manifesta por pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos.

Além da Depressão e Ansiedade: Outras Condições Relevantes

Embora a depressão e a ansiedade sejam as doenças mentais mais comuns em Portugal, é importante reconhecer a presença e o impacto de outras condições:

  • Perturbações do Espectro do Autismo (PEA): O autismo, embora diagnosticado geralmente na infância, persiste na vida adulta e exige acompanhamento contínuo. Em Portugal, a conscientização sobre o autismo tem aumentado, mas ainda há desafios no acesso a serviços especializados e na inclusão social de pessoas com PEA.

  • Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos: A esquizofrenia é uma doença mental grave que afeta o pensamento, o comportamento e as emoções. Em Portugal, o acesso ao tratamento para a esquizofrenia e outros transtornos psicóticos ainda enfrenta barreiras, especialmente em áreas rurais e remotas.

  • Transtorno Bipolar: O transtorno bipolar se caracteriza por oscilações extremas de humor, alternando entre episódios de mania (euforia, energia excessiva) e depressão. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são cruciais para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados.

  • Demência: Com o envelhecimento da população portuguesa, a demência, incluindo a doença de Alzheimer, se torna uma preocupação crescente. A falta de recursos e de cuidadores treinados para lidar com pessoas com demência representa um desafio para o sistema de saúde e para as famílias.

O Impacto na Sociedade e a Urgência de Ação

As doenças mentais não afetam apenas os indivíduos que as vivenciam. Elas têm um impacto significativo na sociedade como um todo, gerando custos econômicos elevados, absenteísmo no trabalho, dificuldades no relacionamento interpessoal e aumento do risco de suicídio.

É crucial que Portugal invista em políticas públicas de saúde mental abrangentes, que promovam a prevenção, o diagnóstico precoce, o tratamento adequado e a reabilitação. É fundamental aumentar o número de profissionais de saúde mental, melhorar o acesso aos serviços, combater o estigma associado à doença mental e promover a conscientização sobre a importância da saúde mental.

A sociedade portuguesa precisa mudar a forma como encara a saúde mental, reconhecendo que ela é tão importante quanto a saúde física. É preciso criar um ambiente mais acolhedor e compreensivo, onde as pessoas se sintam à vontade para buscar ajuda sem medo de julgamento ou discriminação. Somente assim será possível reduzir o sofrimento causado pelas doenças mentais e construir uma sociedade mais saudável e feliz para todos.

Este artigo busca fornecer uma visão geral das doenças mentais mais comuns em Portugal, mas é importante ressaltar que cada indivíduo é único e que o diagnóstico e o tratamento devem ser individualizados. Se você ou alguém que você conhece está enfrentando dificuldades de saúde mental, procure ajuda profissional. A saúde mental é um direito de todos.