Qual a doença em que a pessoa troca as palavras?

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A dislalia engloba problemas na produção da fala. A dislalia funcional ocorre quando a pessoa troca, acrescenta ou distorce sons. Já a dislalia audiógena está ligada a deficiência auditiva, dificultando a repetição dos sons.

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A confusão das palavras: Desvendando a Parafasia

A dificuldade em encontrar a palavra certa, ou mesmo a troca involuntária de palavras durante a fala, é uma experiência comum, que pode acontecer com qualquer pessoa em algum momento. No entanto, quando essa dificuldade se torna recorrente e significativa, prejudicando a comunicação, pode ser um sintoma de diversas condições neurológicas e cognitivas. Ao contrário do que muitos pensam, a simples troca de palavras não define uma única doença, mas sim um sintoma que pode estar associado a diferentes quadros clínicos. A afirmação de que a pessoa “troca as palavras” precisa ser contextualizada para um diagnóstico preciso.

Frequentemente, a confusão é atribuída erroneamente à dislalia, um distúrbio de fala que afeta a articulação dos sons. Embora a dislalia possa, em alguns casos, levar a trocas de fonemas (os sons da fala), ela não se caracteriza pela troca de palavras inteiras com significado. A dislalia funcional, como mencionado, trata-se de uma dificuldade na produção correta dos sons, com distorções, omissões ou adições, e a dislalia audiógena tem origem em problemas auditivos.

A troca de palavras, propriamente dita, é mais frequentemente associada à parafasia. Este termo descreve erros na seleção e produção de palavras, que podem se manifestar de diversas formas:

  • Parafasia fonêmica: Ocorre a substituição de um fonema por outro, resultando em uma palavra semelhante, porém incorreta (ex: “gato” por “cato”). Ainda que se assemelhe à dislalia, a parafasia envolve a troca em nível de palavra, e não apenas de fonemas isolados.

  • Parafasia semântica: A pessoa utiliza uma palavra com significado relacionado, porém incorreto, para a situação (ex: dizer “garfo” ao invés de “faca”). Há um erro no acesso lexical, selecionando-se um termo semanticamente próximo.

  • Parafasia neológica: A pessoa inventa palavras que não existem na língua, sem sentido compreensível (ex: usar “pluficante” no lugar de “ventilador”). Esta forma é mais indicativa de comprometimento neurológico mais severo.

A parafasia pode estar presente em várias condições, incluindo:

  • Afasias: Distúrbios de linguagem adquiridos, geralmente após um acidente vascular cerebral (AVC) ou trauma craniano, que afetam a capacidade de compreender e/ou produzir a linguagem. O tipo de afasia influencia o tipo de parafasia apresentada.

  • Demências: Doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, podem causar dificuldades na linguagem, incluindo a parafasia, à medida que a cognição declina.

  • Traumatismos cranianos: Lesões cerebrais traumáticas podem resultar em diversas disfunções, incluindo dificuldades na linguagem, com manifestação de parafasia.

  • Tumores cerebrais: Dependendo da localização do tumor, pode haver comprometimento de áreas cerebrais responsáveis pela linguagem, levando à parafasia.

É crucial destacar que a observação da troca de palavras não permite um diagnóstico. A avaliação por um profissional da saúde, como um neurologista ou fonoaudiólogo, é fundamental para identificar a causa subjacente e indicar o tratamento adequado. O profissional levará em conta o contexto, a frequência, o tipo de erro e outros sintomas para chegar a um diagnóstico preciso. Somente após uma avaliação completa é possível determinar se a troca de palavras é um sintoma de uma condição médica específica ou apenas uma falha ocasional da memória ou da articulação.