Quando a pessoa com Alzheimer para de falar?

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A progressão do Alzheimer afeta a comunicação, podendo levar à perda gradual da fala. A apraxia verbal, um distúrbio que afeta os músculos da fala, dificulta a articulação de palavras. Pacientes podem apresentar fala lenta, vocabulário reduzido e pausas prolongadas.

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O Silêncio que Fala: A Perda da Fala na Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer, uma jornada dolorosa e progressiva, rouba não apenas memórias, mas também a capacidade de se comunicar. A fala, essa ferramenta essencial para conectar-nos com o mundo, vai se esvaindo gradativamente, deixando um silêncio pesado e carregado de significado. Mas quando, exatamente, a pessoa com Alzheimer para de falar? A resposta, como muitos aspectos dessa doença complexa, não é simples e varia de indivíduo para indivíduo.

É importante entender que a perda da fala não é um evento repentino, mas sim o resultado de um declínio gradual que acompanha a progressão da doença. Inicialmente, as dificuldades podem ser sutis: hesitações, substituição de palavras, dificuldade em encontrar o termo correto. Com o tempo, essas dificuldades se intensificam, levando a um empobrecimento do vocabulário, frases curtas e incompletas, e longas pausas durante a conversação.

Além da deterioração cognitiva geral que afeta a linguagem, outros fatores contribuem para a perda da fala no Alzheimer. A apraxia da fala, por exemplo, é um distúrbio neurológico que afeta a capacidade de planejar e coordenar os movimentos musculares necessários para a fala. A pessoa sabe o que quer dizer, mas seu cérebro encontra dificuldade em enviar os sinais corretos aos músculos da boca, língua e laringe. Isso resulta em uma fala arrastada, distorcida e difícil de entender.

A afasia, outro distúrbio de linguagem comum em pacientes com Alzheimer, afeta a compreensão e a formulação da linguagem. A pessoa pode ter dificuldade em entender o que os outros dizem e em expressar seus próprios pensamentos e necessidades. A frustração gerada por essa dificuldade de comunicação pode levar ao isolamento social e à depressão.

Entretanto, mesmo nos estágios mais avançados da doença, quando a fala se torna praticamente ausente, a comunicação ainda é possível. O toque, o olhar, a expressão facial e a linguagem corporal continuam sendo importantes formas de conexão. Pacientes com Alzheimer podem responder a estímulos afetivos, como um sorriso, um abraço ou uma música familiar. É fundamental que cuidadores e familiares estejam atentos a essas formas de comunicação não-verbal, buscando interpretar os sinais e oferecer conforto e apoio.

Vale ressaltar que a progressão da perda da fala é influenciada por diversos fatores, incluindo o tipo de Alzheimer, a idade do paciente, a presença de outras comorbidades e a resposta individual ao tratamento. O acompanhamento médico regular e o suporte de uma equipe multidisciplinar, incluindo fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos, são essenciais para auxiliar o paciente e seus familiares a lidar com os desafios da comunicação ao longo da trajetória da doença. A comunicação, mesmo que silenciosa, continua sendo uma ponte vital para manter a conexão e o afeto.