Qual foi a corrente que considerou o behaviorismo insuficiente para explicar com clareza o processo de aquisição da linguagem?

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A abordagem behaviorista, com seu foco em estímulos e respostas, demonstrou-se insuficiente para explicar a complexidade da aquisição da linguagem, segundo Chomsky. A crítica se concentra na incapacidade do modelo behaviorista de Skinner em lidar com a criatividade e a produtividade inerentes à linguagem humana, abrindo espaço para o surgimento de teorias gerativistas.

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A Insuficiência Behaviorista: O Que Veio Depois na Busca pela Aquisição da Linguagem

A tentativa de explicar a aquisição da linguagem exclusivamente sob a lente do behaviorismo, uma corrente que dominou a psicologia no início do século XX, tropeçou em obstáculos significativos. O behaviorismo, com sua ênfase em estímulos ambientais, reforços e condicionamento, oferecia um modelo sedutoramente simples para explicar o aprendizado, inclusive da linguagem. No entanto, essa simplicidade revelou-se uma armadilha ao confrontar a vasta e intrincada natureza da linguagem humana.

O Limitado Escopo do Estímulo-Resposta

Um dos principais expoentes do behaviorismo aplicado à linguagem foi B.F. Skinner, que, em sua obra “Verbal Behavior”, propôs que a linguagem seria aprendida através do condicionamento operante. Crianças emitiriam sons aleatórios (balbucios) e, ao serem recompensadas (reforçadas) por sons que se assemelhassem a palavras, aprenderiam a associar esses sons a objetos ou ações. Assim, a linguagem seria moldada pelo ambiente, através de um processo contínuo de reforço.

No entanto, essa visão simplista logo se mostrou inadequada. A principal crítica, e a que impulsionou o desenvolvimento de novas teorias, reside na incapacidade do behaviorismo de explicar a criatividade e a produtividade da linguagem.

A Revolução Chomskyana: Uma Nova Perspectiva

Foi Noam Chomsky, linguista e filósofo, quem desafiou frontalmente o paradigma behaviorista com sua crítica devastadora. Chomsky argumentou que o modelo de Skinner era incapaz de explicar como as crianças conseguem produzir e compreender um número infinito de frases novas, muitas das quais nunca ouviram antes.

A criança não é meramente um “gravador” que repete o que ouve. Ela é, na verdade, uma “construtora” ativa da linguagem, possuindo um conjunto de regras internalizadas que lhe permitem gerar frases gramaticalmente corretas, mesmo que nunca tenha sido exposta a elas especificamente. Essa capacidade inata, segundo Chomsky, é evidenciada pela rapidez com que as crianças adquirem a linguagem e pelos erros gramaticais “criativos” que cometem, que demonstram a aplicação de regras gerais a situações novas.

O Gerativismo: Uma Gramática Universal

A crítica de Chomsky pavimentou o caminho para o gerativismo, uma corrente linguística que postula a existência de uma Gramática Universal (GU), um conjunto inato de princípios gramaticais que todos os seres humanos compartilham. Essa GU fornece a base para a aquisição da linguagem, permitindo que as crianças internalizem as regras gramaticais específicas de sua língua materna a partir de um conjunto limitado de dados linguísticos.

O gerativismo não nega a importância do ambiente na aquisição da linguagem. A exposição à língua falada é crucial para que a criança aprenda o vocabulário e os detalhes específicos de sua língua. No entanto, a gramática, a estrutura subjacente da linguagem, seria inata, permitindo que a criança organize e interprete os dados linguísticos que recebe.

Além do Behaviorismo e do Gerativismo

Embora o gerativismo tenha revolucionado o campo da linguística, ele também enfrentou críticas e evoluiu ao longo do tempo. Outras teorias surgiram, buscando integrar aspectos inatos e ambientais na explicação da aquisição da linguagem. Abordagens cognitivistas, interacionistas e socioculturais procuram entender como processos cognitivos, interações sociais e o contexto cultural influenciam o desenvolvimento da linguagem.

Em resumo, a corrente que considerou o behaviorismo insuficiente para explicar a aquisição da linguagem foi o gerativismo, liderado por Noam Chomsky. A crítica central reside na incapacidade do behaviorismo de explicar a criatividade e a produtividade da linguagem humana, abrindo espaço para teorias que enfatizam a importância de estruturas inatas na aquisição da linguagem. No entanto, é importante ressaltar que a busca pela compreensão da aquisição da linguagem continua sendo um campo dinâmico e multidisciplinar, com diferentes perspectivas e teorias coexistindo e se complementando.