Porque é que os mudos não falam?

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A ideia de que surdos são necessariamente mudos é um equívoco. A maioria das pessoas surdas possui as cordas vocais intactas e funcionais. A ausência da fala geralmente decorre da falta de aprendizado e prática, já que o desenvolvimento da linguagem oral depende da audição. Existem, inclusive, surdos oralizados que, com acompanhamento fonoaudiológico, aprendem a falar.

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O Silêncio que Não Cala: Por que a ideia de surdos mudos é um mito prejudicial

A associação automática entre surdez e mudez é um equívoco persistente e prejudicial. Embora a surdez afete diretamente a audição, a capacidade de falar depende das cordas vocais, que na maioria das pessoas surdas, são perfeitamente funcionais. O silêncio, portanto, não é uma consequência anatômica da surdez, mas sim uma questão de acesso à linguagem e à oportunidade de desenvolvê-la.

Aprender a falar depende, em grande parte, da audição. Ouvimos os sons, imitamos, recebemos feedback e, aos poucos, aprimoramos a nossa articulação e entendimento da linguagem oral. Para uma criança surda, esse processo natural de aprendizagem é interrompido pela impossibilidade de ouvir os sons da fala. Imagine tentar aprender um instrumento musical sem nunca ter ouvido uma nota. A dificuldade seria imensa, não é mesmo? Com a fala acontece algo similar.

A falta de estímulos auditivos dificulta o desenvolvimento da linguagem oral em pessoas surdas, mas não a impossibilita completamente. Com o apoio adequado de fonoaudiólogos, muitas pessoas surdas aprendem a falar e a desenvolver a oralidade, processo conhecido como oralização. Essas pessoas, chamadas de surdos oralizados, demonstram que a surdez não implica necessariamente no silêncio.

Além disso, é fundamental lembrar que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a língua natural das comunidades surdas no Brasil. Ela possui gramática e estrutura próprias, independentes da língua portuguesa, e permite a comunicação plena e o desenvolvimento cognitivo das pessoas surdas. A Libras garante o direito à comunicação e à participação social, quebrando barreiras e preconceitos.

Portanto, ao invés de perpetuar o mito do “surdo-mudo”, devemos reconhecer a diversidade linguística e a capacidade de comunicação das pessoas surdas. O silêncio não é sinônimo de incapacidade, mas muitas vezes, reflexo de uma sociedade que ainda não oferece as ferramentas e o suporte necessários para que todos possam se expressar plenamente. A inclusão passa por entender e respeitar as diferentes formas de comunicação, garantindo a todos o direito de se fazer ouvir, seja pela voz, seja pelas mãos.