Como identificar a função sintática de que?

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A palavra que desempenha diversas funções sintáticas, podendo ser conjunção, pronome, substantivo, advérbio, preposição, interjeição ou partícula de realce. Sua classificação depende do contexto.

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Desvendando o Enigma Sintático do “Que”: Um Guia Prático de Identificação

A palavra “que” é um camaleão gramatical. Sua capacidade de assumir diferentes funções sintáticas a torna um desafio para iniciantes em análise sintática, mas também um elemento fascinante da língua portuguesa. Dominar a identificação de sua função é fundamental para uma compreensão profunda da estrutura frasal. Este artigo se concentra em métodos práticos para identificar a função sintática do “que”, sem se deter em definições puramente teóricas.

Para determinar a função sintática do “que”, devemos analisar o contexto em que se encontra, observando a relação que estabelece com as outras palavras da frase. Não existe uma fórmula mágica, mas sim um processo de investigação que envolve alguns passos chave:

1. Identificando o Tipo de “Que”: Um primeiro passo crucial é perceber se o “que” em questão é uma conjunção, um pronome ou uma partícula expletiva (de realce). Essa distinção preliminar facilita a análise subsequente.

  • “Que” Conjunção: Geralmente introduz orações subordinadas. Observe se há uma oração principal e uma subordinada ligadas pelo “que”. Este “que” pode ser integrante (introduzindo orações subordinadas substantivas), causal (indicando causa), consecutiva (indicando consequência), comparativa (estabelecendo comparação), concessiva (indicando concessão), temporal (indicando tempo), final (indicando finalidade), etc.

    • Exemplo (conjunção integrante): Ele disse que viria. (O “que” introduz uma oração subordinada substantiva objetiva direta.)
    • Exemplo (conjunção causal): Como estava doente, que ele não foi trabalhar. (Aqui a segunda oração introduz uma causa)
  • “Que” Pronome: Substitui um substantivo, podendo ser relativo, interrogativo ou indefinido. Procure por um antecedente (o termo a que o pronome se refere) ou por um sentido interrogativo.

    • Exemplo (pronome relativo): O livro que li foi excelente. (“que” retoma “livro”)
    • Exemplo (pronome indefinido): Que dia é hoje? (“que” equivale a “qual”)
  • “Que” Partícula de Realce (Expletivo): Neste caso, o “que” não desempenha função sintática propriamente dita, podendo ser omitido sem alterar o sentido da frase. Sua presença enfatiza a frase.

    • Exemplo: Ele que sabe! (O “que” é apenas enfático, não tendo função sintática.)

2. Analisando a Relação com os Termos da Frase: Depois de identificar o tipo de “que”, analise sua relação com os outros termos na frase. Pergunte-se: A que termo ele se liga? Qual a sua função dentro da oração?

3. Testes Práticos: Algumas estratégias podem auxiliar na identificação:

  • Substituição: Tente substituir o “que” por sinônimos ou expressões equivalentes. Se a substituição for possível sem alterar o sentido da frase, isso pode ajudar a identificar a função sintática.
  • Remoção: A remoção do “que”, principalmente se for uma partícula de realce, não altera o sentido da frase, mas pode ser prejudicial se este for um pronome relativo ou uma conjunção integrante.
  • Transformação: Tente transformar a oração em que o “que” aparece em uma estrutura diferente. Isso pode revelar sua função.

Conclusão:

A identificação da função sintática do “que” requer atenção e prática. Ao seguir os passos sugeridos e aplicar os testes práticos, você estará apto a desvendar os múltiplos papéis sintáticos que essa pequena, mas poderosa palavra assume na língua portuguesa. Lembre-se: a chave para o sucesso reside na análise cuidadosa do contexto frasal.