Como transformar o adjetivo em substantivo?

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A transformação de adjetivos em substantivos, como em grande para grandeza, ocorre tipicamente pela derivação sufixal. Neste processo, sufixos como -eza são acrescentados ao radical do adjetivo, criando um novo vocábulo com função nominal, que representa a qualidade expressa pelo adjetivo original. Outros sufixos também contribuem para essa formação.

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Da Qualidade à Substância: Transformando Adjetivos em Substantivos na Língua Portuguesa

A língua portuguesa, rica em recursos morfológicos, permite a transformação de palavras de uma classe gramatical para outra, enriquecendo sua expressividade e possibilitando nuances semânticas. Um processo recorrente e bastante produtivo é a conversão de adjetivos em substantivos, conferindo-lhes uma existência independente, representando não mais a qualidade inerente a um ser, mas a própria qualidade personificada ou abstrata.

A maneira mais comum de concretizar essa transformação é através da derivação sufixal, adicionando-se morfemas que sinalizam a mudança de classe gramatical. Embora o sufixo -eza seja frequentemente citado como o principal responsável (como em grande/grandeza, livre/libertade, bonito/boniteza), a realidade é mais ampla e diversificada. A escolha do sufixo apropriado depende, intrinsecamente, do adjetivo em questão e da semântica que se deseja alcançar.

Vamos explorar alguns sufixos e seus efeitos na transformação:

  • -eza/-esa: Amplamente utilizado, confere ao substantivo derivado um sentido de qualidade ou estado, geralmente abstrato. Exemplos além dos já citados: riqueza, tristeza, dureza, preguiça, doçura, riqueza. Note a sutil variação entre -eza e -esa, que muitas vezes é determinada pela etimologia ou pela sonoridade.

  • -dade: Outro sufixo bastante produtivo, comumente associado a adjetivos que expressam qualidades ou estados. Encontramos exemplos como amabilidade, bondade, loucura, novidade, sociabilidade. Frequentemente, mas não exclusivamente, se aplica a adjetivos terminados em consoante.

  • -ância/-ência: Usados com adjetivos que expressam qualidades, estados ou ações. Observamos exemplos como importância, resistência, inteligência, esperança, clemência. A escolha entre -ância e -ência relaciona-se com a terminação do adjetivo original e com padrões etimológicos.

  • -ido/-ura: Estes sufixos tendem a criar substantivos com sentidos mais concretos, referindo-se a uma substância ou resultado de uma ação. Temos, por exemplo, calor/calorido, amargor/amargura, frescura. A escolha entre eles também está condicionada à etimologia e à sonoridade.

  • Sem sufixo (substantivação direta): Em alguns casos, a transformação ocorre sem a adição explícita de um sufixo. O contexto frasal indica a mudança de classe gramatical. Exemplos: “O rico ajudou o pobre.” (rico e pobre atuam como substantivos).

É crucial observar que a conversão de adjetivo em substantivo nem sempre é um processo mecânico. Algumas vezes, o novo substantivo adquire um significado ligeiramente diferente do adjetivo original, sofrendo um processo de semantização. A riqueza e a sutileza da língua portuguesa se manifestam precisamente nessa capacidade de gerar novos sentidos a partir de elementos já existentes. O estudo da formação de palavras e a compreensão dos mecanismos de derivação são essenciais para uma análise linguística mais aprofundada e para uma escrita mais precisa e expressiva.