É correto dizer primeiramente?
A expressão primeiramente é considerada por alguns como incorreta, pois deriva do numeral primeiro e não forma um advérbio. A lógica por trás dessa crítica é que, da mesma forma que não se usa segundamente, terceiramente e outros, primeiramente também seria inadequado.
Primeiramente: um advérbio em debate
A expressão “primeiramente” frequentemente gera debates entre falantes e estudiosos da língua portuguesa. A polêmica reside em sua formação e uso como advérbio de ordem. A crítica principal aponta para sua derivação direta do numeral ordinal “primeiro”, argumentando que, assim como não utilizamos “segundamente”, “terceiramente” ou “decimosextamente”, “primeiramente” também deveria ser evitado. A argumentação se baseia na inconsistência de criar advérbios de ordem a partir de numerais ordinais, defendendo que a língua dispõe de alternativas mais adequadas.
No entanto, a situação é mais complexa do que uma simples questão de analogia. A oposição à utilização de “primeiramente” carece de uma análise histórica e pragmática completa. Embora a ausência de “segundamente” e similares seja um argumento de peso, ignorar o uso consolidado de “primeiramente” na língua falada e escrita, especialmente em contextos formais, é uma simplificação excessiva.
A verdade é que “primeiramente” já se consolidou como um advérbio de ordem, mesmo que sua formação não siga a mesma lógica dos demais numerais ordinais. Sua ampla aceitação, mesmo em textos acadêmicos e profissionais, demonstra sua funcionalidade e compreensão por parte dos leitores. A gramática normativa, muitas vezes, reflete a língua em uso, e não o inverso. A aceitação generalizada de “primeiramente” demonstra que, apesar de sua formação questionável segundo a gramática tradicional, a língua se adaptou e o incorporou como forma válida.
Em vez de uma proibição categórica, uma abordagem mais adequada seria a de propor alternativas, dependendo do contexto. Em textos formais, a substituição por “em primeiro lugar”, “inicialmente”, “antes de tudo” ou “para começar” pode oferecer maior elegância e evitar a polêmica. Entretanto, a utilização de “primeiramente”, em muitos casos, não configura erro gramatical e não compromete a clareza ou a formalidade do texto.
Concluindo, a discussão sobre o uso de “primeiramente” não se resume a uma simples questão de certo ou errado. É preciso considerar a evolução da língua, sua flexibilidade e a prática consagrada por um largo uso. Enquanto alternativas mais tradicionais existem e são recomendáveis em alguns contextos, o uso de “primeiramente” não deve ser taxado automaticamente como incorreto, sobretudo considerando sua ampla aceitação e compreensão. A escolha, portanto, dependerá do contexto, do estilo do escritor e, principalmente, da busca por clareza e precisão na comunicação.
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